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Qual é o pior lugar para se trabalhar? A maior parte do mundo
![Mapa do Índice de Direitos Global da Confederação Sindical Internacional [The International Trade Union Confederation's (ITUC) Global Rights Index]. A intensidade da cor assinala a falta de respeito pelos direitos laborais.](https://www.esquerda.net/sites/default/files/styles/480y/public/direitos_2.jpg?itok=2hRfSiQF)
O Índice de Direitos Global, Global Rights Index, da Confederação Sindical Internacional (International Trade Union Confederation – ITUC), que classifica os diferentes países em função de como protegem os direitos laborais, direitos como a liberdade de associação, de negociação coletiva e o direito à greve, foi publicado pela primeira vez esta semana. A imagem que resulta dele é desoladora.
Dos 139 países analisados só um, a Dinamarca, respeita os 97 aspetos fundamentais dos direitos laborais, como se inscrevem na legislação de direitos humanos. E só em 18 países as violações de direitos são uma ocorrência muito irregular.
Em cerca do 40% de estados, os direitos são violados de forma sistémica ou simplesmente não têm garantias. Em 53 países houve trabalhadores despedidos ou suspensos simplesmente por tentarem negociar melhores condições. Vergonhosamente, o Reino Unido entra na categoria de nações onde se violam habitualmente os direitos no local de trabalho, junto ao Sri Lanka, a Tanzânia e a Venezuela, e abaixo da categoria onde estão países como a Albânia e Angola.
Os países que registam mais violações dos direitos laborais (por exemplo, o Reino Unido, os Estados Unidos e Portugal) são os mais desiguais.
O índice tem o potencial para se converter numa ferramenta extremamente útil. Os direitos laborais são fundamentais para que as pessoas possam garantir um melhor tratamento no sistema capitalista, ou pelo menos protegerem-se das formas mais escandalosas de exploração. O índice da CSI ajudará a concentrar a atenção e a exercer pressão sobre os governos que não chegam a garantir estes direitos humanos básicos.
Além disso, os dados podem ajudar a desenvolver o nosso entendimento da forma como os direitos dos trabalhadores se vinculam ao bem-estar humano. À primeira vista, parece que se compararmos o que é semelhante – isolando, por exemplo, os países da OCDE – concluímos que os países com melhor proteção do emprego são com frequência os menos desiguais (por exemplo, a Dinamarca, a Suécia e a Noruega), enquanto os que registam mais violações (por exemplo, o Reino Unido, os Estados Unidos e Portugal) são os mais desiguais. Tal como demonstraram Kate Pickett e Richard Wilkinson no seu célebre livro “The Spirit Level”, a desigualdade mantém uma correlação direta com um deficiente bem-estar humano em toda uma série de indicadores sociais. É provável que assegurar direitos fundamentais no local de trabalho tenha um papel importante no combate à desigualdade, ao impulsionar a subida dos salários e melhorar assim o bem-estar humano, de forma mais geral.
Uma advertência muito importante, no entanto, é que os resultados do estudo têm de ser compreendidos num contexto global. Apesar de termos de pedir contas a cada um dos governos, a negação de direitos aos empregados é também produto de relações de poder que operam mais além das fronteiras.
Muitos países do Sul global viram-se efetivamente coagidos pelos estados do Norte global, e também por instituições como o FMI, a Organização Mundial do Trabalho e o Banco Mundial, a concentrar-se em atividades económicas de salários baixos e "flexíveis". Esta pressão para rebaixar direitos e salários foi um elemento chave na hora da eclosão das revoltas árabes de finais de 2010 e inícios de 2011, por exemplo. Encarar os problemas que a CSI destaca é vital para se julgar não só o comportamento dos estados nacionais como também a dinâmica exploradora inerente ao próprio capitalismo globalizado.
David Wearing é estudante de doutoramento da School of Oriental and Asian Studies de Londres, onde pesquisa sobre a política britânica no Médio Oriente.
Publicado no The Guardian, em 22 de maio de 2014
Tradução para o castelhano de Lucas Antón, para www.sinpermiso.info
Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net
Comentários
Não só capitalistas, mas tbm "socialistas"...
É, mas se olhar o índice, no link original, a China e a Venezuela estão numa classificação pior que a grande maioria dos países capitalistas (China e Venezuela tão na classificação 5, perdendo apenas para alguns países da África e para alguns remanescentes da antiga URSS, que tão na classificação 5+), e não tem nenhum país "socialista" na classificação 1, a melhor. Ou seja, os piores lugares não são necessariamente capitalistas.
A URSS ACABOU FAZ MAIS DE 20 ANOS!!!
A URSS acabou faz mais de 20 anos, a realidade hoje é completamente diferente (moro na Polônia que era comunista). Cuba tá ali branquinha no mapa.
Ah, e o socialismo ta China tinha um conceito trabalhista diferente da Rússia. Hoje é um dos piores países para se trabalhar no mundo (apesar de que naquela época era muito melhor, não era bom como na URSS ou na Polônia ou nos países socialistas do centro europeu).
Então porque diabos as
Então porque diabos as pessoas se matam, atravessam desertos pra trabalhar ilegalmente nos EUA, se no Braziu e Russia é tão mais legal?
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