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PSP acusada de comportamento discriminatório contra ativistas ambientais

Em comunicado, o coletivo Climáximo e várias organizações feministas denunciam “a tentativa de intimidação e de submissão à hierarquia de poderes que imperou na esquadra dos Olivais dia 22”, com as ativistas a serem obrigadas a despir-se e intimidadas verbalmente.
Foto do movimento Climáximo.

Em comunicado publicado nas redes sociais, os coletivos Climáximo, A Coletiva, Feminismos Sobre Rodas, Marcha Mundial das Mulheres, Núcleo Feminista de Évora, e UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta retratam o “tratamento diferenciado pela polícia” a que foram sujeitas as ativistas detidas durante a ação de desobediência civil pela justiça climática "Em Chamas", dinamizada pelo coletivo Climáximo, a 22 de maio.

De acordo com os coletivos, “o tratamento diferenciado pela polícia começou na esquadra com o processo de revista injustificado dos corpos do grupo, tendo em conta a infração com que tinham sido acusados”.

“Na esquadra, por algum motivo, o género cinge-se à distinção entre mulheres e homens e, estranhamente, as mulheres são consideradas mais suspeitas que os homens. Enquanto que o grupo masculino experienciou uma mera revista superficial, que se expressou no tateamento por cima da sua roupa, as mulheres foram forçadas à nudez (nalguns casos, sem roupa interior), tendo algumas que se agachar de seguida para provar que não constituíam uma ameaça”, descrevem.

Na publicação lê-se ainda que “algumas mulheres foram, inclusive, intimidadas verbalmente, quando já se encontravam numa situação de extrema vulnerabilidade, o que se afigura inaceitável”.

“A tentativa de intimidação e de submissão à hierarquia de poderes que imperou na esquadra dos Olivais dia 22 de Maio foi, contudo, falhada, porque dependia do desconhecimento do direito das detidas. O direito à igualdade, à integridade física, e à integridade moral não termina na entrada da esquadra ou do sistema penal”, frisam os coletivos, garantindo que continuarão “a denunciar o comportamento machista da polícia portuguesa, que não passa indiferente ao movimento feminista”.

Em declarações ao jornal Expresso, o ativista do Climáximo revelou que o movimento já interpelou a PSP para obter esclarecimentos sobre este tratamento discriminatório. E que avançará com uma queixa-crime para o Ministério Público contra a PSP.

Já uma fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP garantiu a este jornal que a polícia se limitou a “fazer os procedimentos de segurança legalmente admissíveis” e que não comenta a suposta obrigação de as mulheres se despirem-se ao ser revistadas por ser algo tão "absurdo" e "inverosímil".

 

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