Psicólogos tiveram mais trabalho e mais burnout com a pandemia

26 de fevereiro 2022 - 14:25

Aumentou o trabalho e o desemprego diminuiu no setor. A precariedade mantém-se uma realidade e, com a covid, também muitos psicólogos se queixam de que o seu bem-estar psicológico diminuiu, com um em cada quatro a apresentarem sintomas de burnout.

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Psicologia. Foto de Agencia CNT de Noticias/Flickr.
Psicologia. Foto de Agencia CNT de Noticias/Flickr.

A Ordem dos Psicólogos Portugueses divulgou esta quarta-feira o estudo "Condições socioprofissionais dos psicólogos face à Pandemia". Trata-se de um inquérito a 1.759 psicólogos, feito entre 3 de setembro e 6 de outubro de 2021 sobre como a prática destes profissionais nas suas várias vertentes se adaptou à pandemia. O estudo revelou um aumento do seu volume de trabalho por causa desta situação.

Ao inquérito, 56,7% responderam que o volume de trabalho trabalho aumento "um pouco" ou até "bastante". Por outro lado, 1,5% dos psicólogos foram obrigados nesta altura a suspender a atividade por conta própria e 0,4% ficaram colocados em situação de "lay-off".

A pandemia teve ainda efeito na situação laboral dos psicólogos. Dos inquiridos, 4,1% estavam desempregados antes da pandemia. Depois desta, o número de desempregados passou para 1,5%. Importante para esta mudança foi a contratação de 500 psicólogos para as escolas públicas.

Apesar do emprego público ter aumentado, a precariedade não se alterou. De acordo com Francisco Rodrigues, bastonário da OPP, em declarações à Lusa, "um pouco mais de 20%" dos psicólogos encontram-se em "situação precária". O mesmo dirigente diz que “o aumento substancial” de carga de trabalho também espelha “a procura que a população faz dos seus serviços”.

Para além da carga de trabalho, também a forma de trabalho sofreu mudanças. Se antes da pandemia mais de metade (51%) dos profissionais dizia que nunca tinha feito qualquer intervenção à distância, depois disso, apenas 7,4% se mantêm nessa condição.

Os psicólogos têm recorrido em grande percentagem (89%) às várias plataformas de videoconferência, mais de metade (57,6%) diz que quer continuar com as intervenções à distância mas na sua esmagadora maioria (68%) afirmam continuar a preferir as intervenções presenciais. Só 2,4% dizem que, na comparação, é o trabalho à distância que é melhor.

Ainda outra dimensão deste estudo indica que perto de 40% dos psicólogos que responderam assumem que o seu nível de bem-estar psicológico piorou. 24,2% demonstrou ter sintomas ou sinais de "burnout". Para lidar com estes problemas, as estratégias foram variadas. 76,1% recorreram apoio de amigos e família, 70,1% disseram fazer "uma boa higiene do sono", 68,6% consideraram manter uma atitude positiva no trabalho, 21,3% indica que tratou de trabalhar noutras áreas, 24,1% fez psicoterapia, desenvolvimento pessoal e/ou "coaching" psicológico, 45% recorre ao desconectar-se do trabalho e 61% procuram manter o equilíbrio entre o trabalho e vida pessoal.