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“Propomos três prioridades fundamentais: Estado Social, trabalho e ambiente”

Marisa Matias alertou que a UE vive uma “crise sem precedentes”, apresentou prioridades programáticas e a lista aprovada pela mesa nacional, que tem em segundo lugar José Gusmão. Catarina Martins salientou que moção de censura do CDS tem a ver com campanha eleitoral à direita.
Marisa Matias - Foto de Paula Nunes
Marisa Matias - Foto de Paula Nunes

A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda reuniu neste sábado, aprovou perspetivas para a próxima campanha eleitoral, as prioridades programáticas e a lista candidata às eleições europeias.

Lista do Bloco às eleições europeias

A lista é encabeçada pela eurodeputada Marisa Matias.

José Gusmão, economista e membro da comissão política do Bloco de Esquerda é o segundo candidato.

Sérgio Aires, sociólogo e antigo presidente da Rede Europeia Antipobreza (2012-2018) é terceiro, Anabela Rodrigues, mediadora cultural, dirigente da Solim e lutadora anti-racista é quarta, sendo Alexandre Abreu, doutorado em economia, professor no ISEG e antigo assessor do ministério das Finanças de Timor-Leste quinto e Ana Rute Marcelino, professora em Famalicão e dirigente do Bloco de Esquerda a sexta candidata.

“A lista é absolutamente paritária”, com 11 mulheres e 10 homens.

Por uma outra Europa

Em conferência de imprensa, Marisa Matias começou por salientar que a União Europeia (UE) vive “uma crise sem precedentes”, com a ascensão da extrema-direita, a crise humanitária vivida nos últimos anos, “em relação à qual a UE não soube dar resposta”, e o atual processo do Brexit, que “se arrasta há dois anos e em que também não se vê um desfecho clarificador, neste momento”.

Estado Social, trabalho e ambiente, “são os três eixos de maior cruzamento da política europeia com a política nacional, que nos afetam quotidianamente e em relação aos quais temos de dar respostas robustas e claras”, sublinhou a eurodeputada.

“Em relação ao Estado Social não é nenhuma surpresa, o Bloco de Esquerda sempre se opôs ao pacto de estabilidade e crescimento e ao tratado orçamental”, afirmou Marisa, lembrando que ainda recentemente apresentou uma proposta para a não inclusão do tratado orçamental na legislação comunitária, que foi aprovada no Parlamento Europeu.

“A nossa oposição em relação aos tratados da UE é total, mas há outros tratados que estão a ser negociados entre a UE e outras regiões do mundo. O tratado relativamente aos serviços é absolutamente inaceitável, não foi ainda aprovado e a nossa posição continuará a ser para que não seja aprovado”, declarou Marisa Matias, sublinhando que “não podemos pôr a saúde, nem a educação, nem outros serviços públicos, ao serviço do negócio e de uma negociação que é totalmente independente da capacidade de intervenção dos Estados e dos governos em cada um dos países”.

Sobre o trabalho, a eurodeputada destacou que serão apresentadas propostas e uma linha orientada contra a austeridade. Lembrou a propósito que houve “algum crescimento económico nos últimos anos, mas esse crescimento não foi acompanhado por um aumento dos salários”.

“Nos últimos anos, nós tivemos um crescimento acumulado de sete pontos percentuais, mas a verdade é que o crescimento dos salários, nesse período de três anos, foi de 0,5%, o que significa uma estagnação salarial e não um crescimento salarial”, realçou, recordando que isso se verificou apesar da mudança de políticas, do aumento do salário mínimo nacional e da reposição de salários e pensões.

Marisa apontou também, e sobre o ambiente, que “precisamos de passar da narrativa da austeridade para a do emprego verde. “Há condições para criar milhões de postos de trabalho, ancorados num desenvolvimento sustentável e é para isso que queremos trabalhar”, realçou apontando a necessidade de uma transição energética, de reduzir as fontes de dependência, de “trabalhar para a eletrificação quer da ferrovia, quer dos transportes públicos”,apontou também para “novos modelos de produção, desde logo produção alimentar”.

A concluir, Marisa Matias apontou a luta por uma outra Europa, lembrando que “vivemos um tempo em que a integração europeia tem sido profundamente desigual e tem levado a um reforço das desigualdades económicas e sociais no espaço europeu, a uma fragmentação do projeto político, mas também a uma fragmentação social e económica”.

“Eu não fui, não sou e não serei deputada para trazer as exigências de Bruxelas para o nosso país, serei sempre, como até aqui, deputada para trazer e para levar as exigências do nosso país até Bruxelas”, afirmou ainda Marisa Matias.

Lista diversa com provas dadas”

A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou que a lista às europeias, “absolutamente paritária”, é uma “lista diversa com provas dadas”.

Catarina Martins afirmou que Marisa Matias é a “candidata que dá mais garantias” e a eurodeputada que “mostra mais coerência” - Foto Paula Nunes
Catarina Martins afirmou que Marisa Matias é a “candidata que dá mais garantias” e a eurodeputada que “mostra mais coerência” - Foto Paula Nunes

Catarina Martins destacou também a “garantia das provas dadas” da Marisa Matias, considerando que ela é a “candidata que dá mais garantias” e a eurodeputada que “mostra mais coerência”. Lembrou a luta contra o tratado orçamental, de que Marisa tem sido “rosto”, assim como da “luta contra o dumping fiscal e os offshores, tendo sido vice-presidente de duas comissões de inquérito”. Destacou ainda o papel desempenhado por Marisa Matias “em relação à inovação e a ciência, com o acompanhamento que tem feito das estratégias, e “também em diretivas tão importantes como aquela que combate os medicamentos falsificados, ou as estratégias para o alzheimer ou a diabetes”.

“Foi ativa construtora dos direitos dos cuidadores informais no nosso país”, realçou, bem como a luta pelos direitos do trabalho, exemplificando com o caso da Triumph.

Moção de censura tem a ver com campanha eleitoral à direita”

A coordenadora bloquista afirmou também que a “moção de censura tem a ver com a campanha eleitoral à direita”, assinalou que o CDS apresenta como fundamento da censura as greves, mas sobre o conteúdo concreto de todas essas lutas “tem votado contra qualquer solução”.

“O Bloco votará contra” a moção do CDS, afirmou Catarina Martins.

Atualizada às 10h53 de 17 de fevereiro de 2018

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