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Proibição de Trump lança confusão e protestos nos aeroportos

Medida afeta também meio milhão de pessoas que já vivem legalmente no país. Entre os barrados à chegada aos EUA estão refugiados com visto emitido antes do decreto de Trump e um intérprete iraquiano que serviu o exército dos EUA em Mossul.
Protesto este sábado no aeroporto JFK, onde se encontram detidos lguns dos barrados pela proibição de Trump. Foto Jack Smith IV/Twitter

Poucas horas depois da assinatura de Donald Trump a negar entrada no país a pessoas de sete países de maioria muçulmana – Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen – os agentes nos aeroportos norte-americanos começaram a barrar passageiros com vistos emitidos por estes países.

Como os Estados Unidos não têm voos comerciais diretos para nenhum dos países da lista de Trump, o trabalho de seleção é feito pelos restantes países de onde partem estes voos. A confusão nos aeroportos do Dubai, Cairo ou Istambul tem sido grande, com várias pessoas a verem negada a possibilidade de entrar no avião e a serem devolvidas aos países de origem.

Segundo o New York Times, entre os que conseguiram aterrar estão dois refugiados iraquianos no aeroporto internacional Kennedy e um intérprete iraquiano que esteve ao serviço da 101st Airborne Division em Bagdade e Mossul e diz ter sido alvo de ataques por duas vezes por causa dessa ligação ao exército norte-americano. Haider Alshawi obteve o visto no dia em que Trump assinou o decreto e foi barrado à chegada dos Estados Unidos.

A Associação Americana dos Direitos Civis (ACLU) e outros grupos apresentaram uma queixa em nome destes iraquianos que estavam a caminho dos EUA quando Trump assinou o decreto. Na tarde de sábado, vários movimentos convocaram um protesto para junto do aeroporto contra a proibição de entrada e a detenção dos refugiados e imigrantes que chegaram nas últimas 24 horas.

Meio milhão de portadores de cartão verde ficam na prática impedidos de sair do EUA

Um desses casos é de uma família de seis refugiados sírios que partiram de um campo de refugiados na Turquia com destino a Cleveland, onde eram esperados na próxima terça-feira. Viram agora os seus vistos suspensos. O mesmo aconteceu a um jovem cientista iraniano que ganhou uma bolsa para estudar medicina cardiovascular em Harvard. “Este jovem fantástico tem um enorme potencial para dar contributos que melhorem o nosso conhecimento sobre doenças do coração e já foi completamente escrutinado”, afirmou ao New York Times o seu orientador, Thomas Michel.

Entre outros casos de pessoas barradas nos aeroportos estão detentores de vistos de estudante, de trabalho e de cartões verdes. A Reuters divulgou também o caso de uma pessoa com dupla nacionalidade canadiana e iraniana que foi impedida de embarcar no Canadá com destino ao vizinho do Sul.

Segundo o site ProPublica, há meio milhão de portadores de cartão verde com uma das sete nacionalidades agora impedidas de entrar. Existe por isso grande probabilidade de alguns milhares estarem neste momento fora dos EUA e poderem ser impedidos de regressar. Quanto aos restantes, arriscam agora não poder voltar aos EUA se decidirem sair do país. A porta voz do Departamento de Segurança Interna, Gillian Christensen, confirmou à imprensa que os portadores dos cartões verdes, que dão direito a autorização de residência legal nos EUA, estão incluídos na proibição ditigida às pessoas com alguma das sete nacionalidades banidas temporariamente de entrar nos Estados Unidos.

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