Presos políticos iniciam greve de fome em Angola

24 de setembro 2015 - 18:39

Ativistas que fazem campanha pela Liberdade aos Presos Políticos em Angola denunciam que as consequências desta greve de fome poderão ser trágicas. “Silenciar é compactuar com a injustiça.”

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Cartaz pede a Liberdade para os presos políticos já!
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“À meia noite do dia 21 de setembro”, informa o comunicado do grupo Liberdade aos Presos Políticos em Angola, “Domingos da Cruz, Inocêncio de Brito, Luaty Beirão e Sedrick de Carvalho tomaram a decisão extrema de iniciar uma greve de fome”.

O protesto segundo a vontade dos protagonistas, “só terminará quando forem soltos, sendo que o estado de saúde dos ativistas é bastante preocupante”. A situação é de angústia para os familiares e amigos dos jovens e para todas as pessoas comprometidas com a democracia e a liberdade. “Dado o delicado estado de saúde de alguns deles, devido a um tratamento médico deficiente e a várias carências alimentares, uma greve de fome pode vir a representar uma ameaça às suas vidas”.

Caso as autoridades não reajam atempadamente, as consequências desta greve de fome poderão ser trágicas. Silenciar é compactuar com a injustiça.

Acusação grave

Em junho, foram presos em Luanda 15 ativistas cívicos que estavam reunidos numa residência particular para ler e discutir um livro sobre técnicas de ação não violenta visando a substituição de regimes ditatoriais.

Alguns destes ativistas tornaram-se conhecidos nos últimos anos ao participarem em diversas manifestações, a favor da democratização e pacificação de Angola, e de um desenvolvimento social mais justo. Tais manifestações foram sempre duramente reprimidas pela polícia.

O governo angolano acusou os jovens de atentar contra a ordem pública e segurança de estado. Num discurso público, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos veio caucionar a acusação, associando-a ao que se passara com os trágicos acontecimentos de 27 de Maio de 1977.

Pessoas detidas por tentativa de golpe de Estado são, naturalmente, presos políticos.

“A situação é urgente. Nenhuma pessoa pode sentir-se livre sabendo que há, algures, outras pessoas presas por sonharem com um mundo mais justo. Nós partilhamos desse mesmo sonho que levou os jovens à cadeia, o mesmo sonho que agora pode custar-lhes a vida”, conclui o comunicado.