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Portugal: uma em cada quatro pessoas vive com menos de 660 euros por mês

Os dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que nos últimos vinte anos a pobreza recuou muito ligeiramente.
Foto de Paulete Matos.

Portugal continua a ser um país de rendimentos muito baixos. Em 2021, perto de 1,7 milhões de residentes no país viviam situações de pobreza, com rendimentos abaixo de 551 euros por mês. E 2,6 milhões, o que corresponde a um quarto da população, viviam com menos de 660 euros por mês.

Os números foram enviados pelo Instituto Nacional de Estatística ao Expresso, que analisa também a evolução da pobreza desde 2003 até 2021, ou seja, desde que começou a série estatística atual quando a União Europeia obrigou os países a publicar estas informações até aos últimos dados disponíveis. Deles se conclui que a taxa de risco de pobreza recuou muito ligeiramente: de 20,4% para 16,4%, isto é de 630 mil trabalhadores que viviam abaixo do limiar da pobreza para 500 mil. Os dados mostram igualmente que em 2003 havia 25% de crianças em situação de carência económica e que em 2021 há 19%. A pobreza entre a população idosa recuou de perto de um terço para 17%, havendo no último ano 400 mil idosos a viver com menos de 551 euros por mês.

De acordo com aquele jornal, os dados do INE mostram que em 2021 se voltou aos níveis de pobreza pré-pandemia. Já sobre o ano passado escreve-se que “pouco se sabe ainda sobre a pobreza” mas que “os dados já mostram um aumento da dificuldade em manter a casa aquecida e em garantir uma refeição de carne ou peixe de dois em dois dias”. Diferentemente do ano de 2003, em que “havia mais pessoas a viver em casas sobrelotadas, agora são mais as que não conseguem pagar despesas inesperadas e que vivem em sobrecarga com os custos da habitação”.

Os especialistas que o Expresso escolheu para comentarem estas informações salientam a “persistência nas últimas décadas” do fenómeno, “rondando sempre uma média de 19% ou 20% da população”. Palavras de Fernando Diogo, professor da Universidade dos Açores e investigador do CICS.NOVA, que acrescenta que a taxa de pobreza “muda apenas com as conjunturas económicas, sinal de que a pobreza está muito associada à forma como a sociedade e a economia se organizam.” Por seu turno, o economista Carlos Farinha Rodrigues pensa que a redução da pobreza “tem significado” mas está “longe do desejável”. Até porque “há um lado geracional na pobreza em Portugal. E temos grupos sociais que, sistematicamente, não conseguimos tirar desta situação, como as famílias alargadas com crianças.”

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