Um estudo publicado esta terça-feira na revista científica Lancet, Planetary Health, intitulado “Mortalidade prematura devida a poluição atmosférica em cidades europeias: uma avaliação de impacto na saúde”, fez o cálculo do número de mortes prematuras em quase mil cidades europeias ligadas a apenas dois poluentes, as partículas finas e o dióxido de azoto. Os números dos investigadores são significativos: respeitar os níveis recomendados pela Organização Mundial de Saúde faria com que houvesse menos 51.213 mortes por ano no continente.
A OMS recomenda um patamar para as partículas finas PM2,5 de 10 microgramas por metro cúbico (m3) em média anual e para o dióxido de azoto (NO2) de 40 microgramas/m3 em média anual. A conclusão dos cientistas é que, em média, 84% da população urbana sofre com níveis superiores aos recomendados para as partículas finas PM2,5. No caso do dióxido de azoto, este excesso é de cerca de 9%.
A poluição não atinge todo o continente da mesma maneira. As zonas em que há mais poluição do ar são a planície do Pô, em Itália, a Polónia e a República Checa. Do lado das mais limpas encontra-se cidades nórdicas: Reykjavik, capital da Islândia, Tromsø, na Noruega, Umea em Suécia e Oulu, na Finlândia.
Os autores concluem que “numerosas cidades não fazem o suficiente para atacarem a poluição do ar". Sasha Khomenko, uma das autoras, considera que se devem adaptar as medidas às condições locais e que estas dizem respeito a setores como o tráfico rodoviário, a indústria, os portos e aeroportos e o aquecimento com madeira e carvão.