Poluição do ar diminui, mas “o estrago já está feito”

30 de março 2020 - 19:40

Apesar do confinamento ter levado à queda global dos níveis de poluição, a Aliança Europeia de Saúde Pública lembra que os últimos anos tornaram a população mais suscetível a doenças respiratórias, incluindo a Covid-19.

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À direita, imagem de satélite das emissões de NO2, de 5-25 março 2020 Imagens ESA / EPHA / James Poetzscher

No comunicado da Aliança Europeia de Saúde Pública (EPHA na sigla original), a que a LUSA teve acesso, é dito que houve, globalmente, uma redução do dióxido de azoto e de partículas finas que resultam do tráfego rodoviário.

A EPHA divulga hoje no seu site uma série de imagens de satélite onde é visível uma diminuição da poluição por todo o mundo, incluindo Portugal, depois da adopção de medidas de restrição à circulação e à actividade económica, devido ao novo coronavírus. As imagens de satélite combinam imagens do mês de março, para dois períodos semelhantes, em 2019 e 2020. As diferenças são significativas mesmo nos casos das duas maiores cidades portuguesas, Lisboa e Porto.

Ainda assim, os efeitos desta diminuição da poluição não serão um factor de alívio imediato para os pacientes com Covid-19. Os efeitos cumulativos da exposição, durante anos, aos elevados níveis de poluição verificados em muitas cidades, são responsáveis por um aumento das doenças respiratórias e cardíacas, o que pode levar a um aumento da incidência da mortalidade pelo novo coronavírus.

Sobre isto, o secretário geral da EPA, Sasha Marschang, diz o seguinte: “O estrago já está feito. Anos a inspirar ar poluído do fumo dos carros e de outras fontes enfraqueceram a saúde de todos aqueles que estão agora envolvidos numa luta de vida ou de morte contra a covid-19”. O mesmo responsável acrescenta que os carros e as cidades precisam de se limpar, e esta é uma oportunidade para tomar acções determinadas para baixar a poluição depois de a crise passar.

A EPHA é uma associação europeia sem fins lucrativos sedeada na Bélgica e representada em 21 países, reunindo organizações não governamentais europeias de saúde pública.

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