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Polícia Nacional espanhola deteve dezassete independentistas catalães

Entre os detidos estão dois autarcas da CUP (Candidatura de Unidad Popular) da província de Girona. As detenções, levadas a cabo sem mandato judicial, estão relacionadas com a comemoração do primeiro aniversário do referendo à independência da Catalunha.
Foto CUP Països Catalans.

Esta quarta-feira foram detidas 17 pessoas, entre as quais os autarcas da CUP Ignasi Sabater, de Verges, e Dani Cornellà, de Celrà, membros de coletivos como La Forja, do sindicato de estudantes SEPC e dos Comitès de Defensa de la República (CDR). De acordo com a Europa Press, um dos detidos é o sobrinho do presidente da Generalitat, Quim Torra. O fotojornalista Carles Palacio, que fez a cobertura da comemoração do primeiro aniversário do referendo à independência da Catalunha, a 1 de outubro de 2018, durante a qual foi ocupada a estação da AVE, também foi alvo das detenções. A maioria dos 17 detidos foram entretanto libertados.

Segundo explicou o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha, as detenções foram levadas a cabo por iniciativa da polícia e sem mandato judicial.

Benet Salellas, advogado da CUP, frisou que não é "normal" deter pessoas no domicílio por suspeita de delitos como o de desordem pública.

Várias pessoas concentraram-se em frente da sede da Polícia Nacional em Girona para protestar contra as detenções. Foram ainda marcadas concentrações em trinta e quatro municípios catalães.

Os partidos independentistas CUP, Junts per Catalunya (JxCat) e Esquerra Republicana de Catalunya (ERC) optaram por abandonar a reunião da comissão de Assuntos Exteriores e Território em sinal de repúdio face à ação da Polícia Nacional, que consideram ser “injustificada”. 

O presidente do Governo, Quim Torra, manifestou o seu "apoio" aos detidos: "Basta de criminalização. Liberdade", escreveu no Twitter.

A autarca de Barcelona, Ada Colau, defendeu que "não é normal e não se pode normalizar a detenção de autarcas sem ordem judicial". 

Na Câmara Municipal de Barcelona, os grupos municipais independentistas abandonaram a comissão da Presidência, e o Partido Democrata Europeu Catalão (PDeCAT - partido de Puigdemont) solicitou que o Governo convoque os partidos para fixar uma resposta conjunta às detenções.

CUP denuncia arbitrariedade e perseguição política

A CUP destaca que “esta ação enquadra-se na atitude liberticida e repressiva do Estado espanhol que pôs todos os instrumentos ao seu alcance para criminalizar e castigar o projeto independentista”.

“Sem garantias processuais nem democráticas, qualquer processo judicial contra o movimento em defesa do direito à autodeterminação tem de ser impugnado e denunciado. Esta vai ser uma das prioridades políticas da CUP e da esquerda independentista”, escreve, acusando o Estado de “autoritarismo e demofobia”.

A CUP considera que as detenções desta quarta-feira “são muito graves, não constituem um ato isolado e são uma nova operação inserida na ofensiva contra os direitos civis, políticos e sociais e contra a defesa e exercício do direito à autodeterminação”.

Perante as detenções, a CUP faz um apelo “a todas as forças políticas e sindicais, a todas as entidades e ao tecido associativo do país, a tomar partido, a posicionarem-se em estado de alerta face à grave situação de ataque aos direitos civis, políticos e sociais”.  

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