Segundo a agência Lusa, a sentença lida no 3º Juízo Criminal de Lisboa absolve o agente da polícia que baleou Elson Sanches, que tinha 14 anos quando foi surpreendido na Quinta da Lage, na Amadora, com mais três amigos no interior de uma viatura furtada. Elson, conhecido por "Kuku", saiu do carro e correu para um beco sem saída.
O que se passou em seguida não é claro, já que o agente policial - que também é a única testemunha - alterou várias vezes a sua versão dos acontecimentos. Começou por alegar legítima defesa porque "Kuku" tinha uma arma na mão, o que se veio a provar falso. Em seguida, afirmou que disparou a mais de dois metros de distância, vendo mais tarde também desmentida esta versão pelas perícias ao gorro de "Kuku", que indicam que o disparo foi feito a cerca de dez centímetros de distância.
O agente, de 37 anos, foi acusado de um crime de homicídio negligente grosseiro, na forma consumada, crime que conta com uma moldura penal até cinco anos de prisão. A PSP manteve o agente ao serviço, mas desarmado e sem contacto com o público.
O crime motivou manifestações em frente à esquadra da PSP contra a violência policial e uma onda de solidariedade por parte dos amigos do jovem assassinado. No mês passado, a Plataforma Guetto organizou um concerto "Hip Hop pela Justiça", em solidariedade com a família de "Kuku" no Teatro do Bairro, que contou com mais de uma dezena de músicos.
A Plataforma está também a produzir o documentário "Violência Policial e Racismo" para "voltar a dar voz ao caso de Kuku e à situação de violencia racista que prossegue nas ruas, nas esquadras e nas prisões portuguesas".