A placa com o nome das últimas vítimas da polícia fascista foi colocada a 25 de abril de 1980 na entrada do edifício com a seguinte inscrição: «Aqui, na tarde de 25 de Abril de 1974, a PIDE abriu fogo sobre o povo de Lisboa e matou: Fernando C. Gesteira, José J. Barneto, Fernando Barreiros dos Reis, José Guilherme R. Arruda. Homenagem de um grupo de cidadãos. 25-4-1980».
Mas a construção de um condomínio de luxo no mesmo local onde se praticaram torturas aos presos políticos durante décadas, levou o promotor imobiliário a retirar a placa na década passada, motivando um movimento de protesto a favor da reposição da placa, protagonizado pelo grupo de cidadãos "Não Apaguem a Memória". A placa acabou por ser reposta em 2009, mas num local muito menos visível do que originalmente, perto do chão e bem abaixo da linha do olhar dos transeuntes.
A promotora imobiliária do condomínio "Paço do Duque" omitiu sempre que o local fora palco das torturas e interrogatórios da PIDE no século XX, preferindo relatar nas brochuras promocionais a história dos séculos anteriores do edifício. Para além de recolocar a placa num local longe da passagem dos novos moradores do condomínio, a empresa não pintou as letras da placa, tornando-a apenas legível a curta distância.
Esta semana, nas vésperas das comemorações dos 40 anos do 25 de Abril, surgiu a denúncia do novo desaparecimento da placa de homenagem aos mortos desse dia na sede da antiga PIDE em Lisboa, desconhecendo-se ainda a autoria ou as razões para o sucedido.
Bloco quer que o Governo reponha a placa retirada por desconhecidos
O Bloco de Esquerda deu conhecimento ao Secretário de Estado da Cultura do desaparecimento da placa que evoca as vítimas da PIDE no 25 de Abril. Numa pergunta entregue na Assembleia da República esta sexta-feira, o Bloco lembra que a placa só foi recolocada pelo proprietário do imóvel em 2010 após "a contestação e indignação por esse ato de apagamento da memória" e não está disposto a ver repetir a demora.
Nesse sentido, Catarina Martins questionou o Governo sobre que medidas pretende tomar para que volte a existir uma placa evocativa dos assassinatos da PIDE no dia da Revolução, "em nome da preservação da memória coletiva do povo português".