Peugeot Citroen de Mangualde quer despedir, Bloco exige “fim da lei da selva”

14 de janeiro 2015 - 11:26

A PSA de Mangualde quer despedir 80 trabalhadores e anunciou que lançou um plano de “saídas voluntárias”. Bloco de Viseu diz que esta é “uma forma encapotada de despedir trabalhadores” e exige o “fim da selva” na empresa, “ em que se despede, volta a contratar-se, para voltar a despedir”.

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Para o Bloco, as “saídas voluntárias” é “uma forma encapotada de despedir trabalhadores”

A PSA Peugeot Citroën de Mangualde anunciou nesta segunda-feira ter lançado um plano de “saídas voluntárias”, no âmbito de um “plano de produtividade e racionalização de custos”. A empresa disse, em comunicado, que os despedimentos visam “um posicionamento competitivo no seio do grupo PSA que lhe permita ganhar a atribuição de novos veículos que substituam os atuais modelos quando chegarem ao fim do seu ciclo de vida”.

À agência Lusa, Carlos Vieira, da comissão distrital de Viseu do Bloco de Esquerda, denuncia que se vive “mais um episódio de uma verdadeira novela da precariedade” e sublinha:

“Assiste-se a uma verdadeira lei da selva, em que se despede, volta a contratar-se, para voltar a despedir e, quando não podem despedir mais, por impeditivos legais, como parece ser o caso, recorre-se a este esquema das rescisões voluntárias”.

Para o Bloco, as “saídas voluntárias” é “uma forma encapotada de despedir trabalhadores”, repetindo-se o mesmo cenário que em 2009.

Carlos Vieira denuncia ainda: “Isto acontece porque a empresa obteve benefícios fiscais e não pode proceder a mais despedimentos. A lei diz que com este plano só pode sair um máximo de 80 trabalhadores, mas só não o fazem com mais porque não podem”.

O dirigente bloquista aponta ainda que “a ameaça que vem sendo feita pela direção do centro de Mangualde”, no sentido de reduzir o salário e proceder a cortes nos prémios de assiduidade e produtividade, para além de “usarem abusivamente da bolsa de horas”.

“Assim, criam mau ambiente e desmotivam os operários, levando-os, de certa forma, a optar por uma saída de emergência face à degradação das relações laborais”, realça Carlos Vieira, salientando que os trabalhadores já não acreditam nas promessas da administração, quando dizem que “os que agora irão ser despedidos serão privilegiados em eventuais contratações futuras”.

“Esta situação é inaceitável e não pode continuar, até porque a empresa teve vários apoios públicos para a sua atividade. A PSA Peugeot Citroen de Mangualde recebeu do Estado benefícios e isenções fiscais e apoios de 8,6 milhões de euros em 2007 e 21 milhões de euros em 2010 para a criação de postos de trabalho e a manutenção da laboração, para além de a Câmara Municipal de Mangualde ter cedido terrenos pertencentes à Estrada Nacional 16 para a ampliação das instalações”, sublinha o dirigente bloquista.

Carlos Vieira anuncia ainda que o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda enviou aos ministérios da Economia e da Solidariedade, Emprego e Segurança Social três questões sobre a situação da Peugeot Citroen de Mangualde, exigindo que o Governo esclareça se tem “conhecimento do novo despedimento que se está a preparar na PSA Peugeot Citroen de Mangualde”, quais os apoios públicos que a empresa teve acesso nos últimos anos e quanto ganhou em aumento de produção e de exportações desde 2013.

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