De acordo com o líder do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, o ano passado teria sido de inversão de tendência no que toca ao número de casas disponíveis no mercado de arrendamento. É conhecido que, em anos anteriores, tinham-se vindo a registar fortes quedas mas, em 2023, a oferta de arrendamento teria crescido 55% no total, 63% em Lisboa e 113% no Porto.
O Público analisa esta quinta-feira estas declarações, partindo do facto do secretário-geral do PS tentar ligar o aumento da oferta às medidas implementadas pelo governo de António Costa, nomeadamente o programa Mais Habitação.
De acordo com o artigo, o número apresentado por Pedro Nuno Santos baseia-se apenas num dos portais de anúncios do setor; o aumento de casas para arrendar não se está a traduzir num aumento de contratos de arrendamento efetivamente celebrados; e os aumentos de rendas continuam, tendo, em janeiro deste ano, registado até a maior subida desde 1994, 6%.
Sobre o primeiro dos pontos, o jornal confirmou junto do portal Idealista, aquele a que o dirigente do PS se referia, os números apresentados. Só que há outros portais como o Imovirtual no qual, em janeiro, o número de anúncios de arrendamento tinha, pelo contrário, caído. As quedas eram de mais de 70% em Lisboa e no Porto. E, em sentido inverso, no Casa Sapo havia também em janeiro “subidas significativas em todas as capitais de distrito”, com o crescimento anual a ser de 76% em Lisboa e de 100% no Porto. Conclui-se na peça que “os números relativos à oferta devem ser lidos com cautela, uma vez que são fornecidos por operadores privados e não por entidades oficiais, sendo importante notar que a evolução de um único portal pode não refletir o comportamento de todo o mercado”. Considera-se igualmente “pouco provável que um aumento da oferta no final de 2023 seja já um reflexo do Mais Habitação” porque, apesar de este ter entrado em vigor em outubro, várias das medidas “não têm uma aplicação imediata”.
Sobre o segundo ponto, apresentam-se os dados do Instituto Nacional de Estatística que demonstram ter existido uma queda de 0,3% dos contratos de arrendamento celebrados nos primeiros seis meses do ano passado face a igual período do ano anterior. Da análise trimestral do fenómeno fica-se a saber que tinha havido uma subida de 2% no primeiro trimestre de 2023, depois uma descida de 1% no segundo e de 2% no terceiro.
Para além disso, estes novos contratos de arrendamento são mais caros. No último trimestre de 2023 houve um aumento das rendas destes contratos de 10,5% relativamente ao último trimestre de 2022.