Habitação

Pedidos de ajuda para pagar renda aumentaram 67%

16 de abril 2025 - 14:09

Associação Deco regista aumento de contactos relacionado a dificuldades em pagar a renda e indica que há pessoas a cortar na alimentação para pagar a casa. Apoio extraordinário à renda e nova modalidade do Porta 65+ não chegam às famílias com dificuldades.

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manifestação Casa para Viver
Foto de Ana Mendes

No primeiro trimestre de 2025, o número de pedidos de ajuda por dificuldade em pagar renda aumentou 67% face ao mesmo período do ano passado. A informação é avançada pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), que recebeu mais de 300 solicitações até ao final do mês de março.

A associação classifica o atual cenário como um “desespero” para os agregados que viram os subsídios provenientes do apoio extraordinário à renda cortados ou reduzidos. São cerca de 87 mil pessoas que perderam este apoio e estão colocadas em risco de não conseguir cumprir com o pagamento da prestação mensal da renda de casa.

A Deco fala num “aumento significativo de contactos” e de pessoas que reduzem os gastos na alimentação para poder pagar a renda. “Há quem esteja verdadeiramente desesperado e não saiba como é que vai agora conseguir pagar as rendas”, disse à Lusa a coordenadora do Gabinete de proteção Financeira da Deco, Natália Nunes.

“É na alimentação que as famílias depois vão reduzir para conseguirem pagar as rendas. Muitas entram em situações de atraso ou incumprimento”, explica.

O apoio extraordinário à renda pode chegar aos 200 euros por mês e é atribuído de forma automática através do cruzamento de dados disponibilizados pela Autoridade Tributária ou pela Segurança Social.

A nova modalidade do programa Porta 65+. destinada a famílias monoparentais e com quebras de rendimentos, também ainda não chegou aos seus beneficiários. A entrega dos apoios está com atraso significativo na validação de candidaturas e mais de um milhar de famílias com quebra de rendimentos não tem acesso ao subsídio.

Segundo os dados do Eurostat, mais de 30% das famílias que arrendam casa em Portugal estavam em situação de sobrecarga financeira em 2024, com o esforço dos inquilinos a aumentar consistentemente e quase uma em três famílias obrigadas a gastar mais de 40% do seu rendimento disponível com a renda.