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Patrões pressionam Costa para evitar alterações à lei laboral

Quatro dias após as eleições legislativas que ditaram uma derrota histórica para os partidos da direita, a Confederação da Indústria Portuguesa apresentou ao líder do PS uma leitura peculiar do resultado. Afinal, para os patrões portugueses, quem foi castigado pelo eleitorado foi quem mais tem defendido a reversão das alterações às leis laborais feitas pelos partidos da direita durante a vigência do memorando da troika.
Na reunião da véspera entre Bloco de Esquerda e PS, a reversão dessas medidas — como o corte nos dias de férias, a redução da compensação por despedimento ou do valor das horas de trabalho suplementar — constou do “caderno de encargos” com vista à negociação do programa de um governo para quatro anos “que dê estabilidade à vida das pessoas”.
Mas para a confederação patronal, essa devolução de salário e direitos deve estar fora da agenda da próxima legislatura. “A legislação laboral que temos é mais do que suficiente para que o país desenvolva as suas atividades económicas com tranquilidade”, afirmou o líder da CIP, António Saraiva, citado pela agência Lusa.
O representante dos patrões também aproveitou para tentar convencer o líder do futuro governo a resistir a novos aumentos do salário mínimo, que foram propostos por vários partidos da esquerda nos seus programas eleitorais. Indiferente à evolução positiva dos indicadores económicos nos últimos quatro anos, em que o acordo do Bloco com o PS permitiu um aumento anual sustentado do salário mínimo nacional dos 505 euros para os 600 euros mensais, António Saraiva insistiu na ideia de que ”não podemos evoluir o salário mínimo em condições que a economia não o suporte”.
Quanto à base parlamentar em que o governo do PS se deve sustentar nos próximos quatro anos, os patrões rejeitam uma repetição dos acordos assinados na passada legislatura. “Se formos ler esses mesmos acordos, percebemos que eram acordos frágeis”, disse Antonio Saraiva, prevendo que "aquilo que esta legislatura vai ter é o que a anterior teve, é acordos a cada Orçamento de Estado".
Acordos que no entender do patronato devem passar pelo maior partido da oposição, que "como partido responsável que é", poderá "apoiar medidas legislativas que o país necessite". "Não podemos olhar só para equilíbrios ou desequilíbrios de esquerda, temos que olhar que este Governo saberá encontrar equilíbrios também à sua direita, e que as maiorias parlamentares têm geometria variável quer à esquerda, quer à direita", sublinhou o presidente da CIP.
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