Partido Popular Europeu quer reverter proibição de carros a combustíveis fósseis

21 de janeiro 2024 - 19:31

O grupo europeu a que PSD e CDS pertencem quer terminar com uma das medidas centrais do Pacto verde europeu. Para além disso, pretende endurecer ainda mais a política migratória da União Europeia e defender os seus “valores cristãos”.

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Foto: Automobile Italia/Flickr.
Foto: Automobile Italia/Flickr.

A proibição de venda de automóveis a gasolina e a gasóleo a partir de 2035, vista como insuficiente pelos ambientalistas, é uma das principais medidas do Pacto verde da União Europeia. Mas aquele que é o principal grupo político à escala europeia, o Partido Popular Europeu, de que fazem parte os portugueses PSD e CDS, quer acabar com ela.

O PPE já tinha votado, junto com a extrema-direita, contra a medida quando ela foi a votos no Parlamento Europeu o ano passado. Agora avança com a ideia da sua revogação no esboço do manifesto que prepara para as eleições para o Parlamento Europeu que aconteceram em junho. A notícia é avançada pelo Politico que revela que no texto está escrito: “recusamos uma política de proibição como a dos motores de combustão”, apresentando-se o compromisso de “revê-la o mais depressa possível”.

Substitui-se a medida concreta por uma vaga aposta em impulsionar “conceito inovadores” e com os mais concretos “instrumentos de mercado para a proteção do clima com o comércio de emissões, a expansão das energias renováveis e uma economia circular”.

A versão de 14 páginas apresentada pela direção liderada por Manfred Weber não é definitiva e ainda poderá ser alterada pelas discussões entre os partidos. Mas não deixa de ser revelador da vontade de infletir o caminho tímido enunciado como uma prioridade pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, proveniente desta área política.

O reforço da política anti-imigração é outra das políticas vincadas pelo PPE no seu pré-manifesto. Pretende-se triplicar o número de agentes nas fronteiras e endurecer a política de asilo externalizando-a ainda mais com o processamento de pedidos de asilo fora do espaço comum europeu e o reforço dos acordos com países terceiros impedir que os migrantes cheguem sequer a pisar solo do continente. O texto tenta, ao mesmo tempo, afirmar o seu empenho para com “o direito fundamental de asilo” e o princípio de que “a UE, juntamente com os seus Estados-Membros, deve ter o direito de decidir”, referindo-se à recusa desse mesmo direito apresentado como fundamental.

Outra proposta é a substituição da figura do alto representante europeu para os assuntos internacionais, atualmente detido por Josep Borrell, por uma espécie de “ministro dos Negócios Estrangeiros”, apoiado por um Conselho Europeu de Segurança. E a ideia de que as decisões sobre política externa deixem de ser decididas por consenso e passem a sê-lo por maioria qualificada.

Pretende-se igualmente aumentar os efetivos da Europol de 650 agente para 3.000 e reduzir o número de regulamentações europeias.

Em termos ideológicos, carrega-se ainda no conservadorismo, em concorrência com a extrema-direita, com a ideia de “preservar os nossos valores cristãos”.