Direita votou contra emissões zero na UE para automóveis novos em 2035

12 de junho 2022 - 13:02

Apesar dos votos contra da direita, a proposta de proibir a venda de veículos novos com motor de combustão em 2035 foi aprovada pelos eurodeputados e segue para a negociação com os governos nacionais.

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Carro elétrico em carregamento
Foto de Ivan Radic/Flickr

Por 339 votos a favor, 249 contra e 24 abstenções, o Parlamento Europeu aprovou na quarta-feira as regras propostas pela Comissão para a revisão das normas de desempenho em matéria de emissões de CO2 para automóveis novos e veículos comerciais ligeiros. Entre os eurodeputados portugueses, a proposta teve o voto favorável das bancadas da esquerda e da social-democrata Lídia Pereira, a abstenção de Paulo Rangel e os votos contra dos restantes eleitos da direita, que também votaram ao lado da extrema-direita e dos liberais numa série de emendas com o objetivo de diluir outras propostas do pacote "Fit for 55", resultando na prática num corte de emissões inferior ao proposto inicialmente.

Face à aprovação destas emendas, o grupo dos socialistas reuniu de emergência para decidir votar contra a proposta na generalidade, provocando o seu chumbo. Dirigindo-se à bancada do Partido Popular Europeu, onde estão PSD e CDS, a eurodeputada socialista Iratxe Garcia afirmou que "não podem andar a pedir os votos da extrema-direita para reduzir a ambição da proposta e depois pedir o nosso voto para a aprovar na generalidade".

O eurodeputado bloquista José Gusmão reagiu às votações nas redes sociais, afirmando que "esta votação mostra que o problema da direita não é só estar-se a borrifar para o planeta, o que já seria grave. A direita europeia nem sequer percebe que as indústrias europeias só têm a perder em atrasar esta transição. É falta de visão estratégica".

Zero quer ver ministro português a apoiar proposta na reunião deste mês no Luxemburgo

Com a luz verde dada à proposta sobre os automóveis novos, seguem-se as negociações com os Estados membros, que irão debater a sua posição no fim de junho durante o Conselho de Ministros do Ambiente no Luxemburgo. Parlamento, Conselho e Comissão deverão acertar a norma final no segundo semestre deste ano.

A organização ambientalista Zero já veio apelar ao ministro português, Duarte Cordeiro, "que apoie a confirmação da data final das vendas de novos motores de combustão”. Citado pela agência Lusa, Francisco Ferreira defende que "a eliminação progressiva dos motores de combustão também é uma oportunidade histórica para ajudar a acabar com nossa dependência do petróleo. Dá também a certeza de que a indústria automóvel precisa de aumentar a produção de veículos elétricos, o que reduzirá os preços dos veículos”.

Na proposta aprovada no Parlamento Europeu, as metas intermédias para a redução de emissões de veículos novos por parte da indústria automóvel é de em 15% em 2025, em comparação com 2021, e em 55% em 2030, até chegar à meta final de 100% em 2035.

Segundo a Zero, o transporte rodoviário é a maior fonte de emissões de gases com efeito de estufa em Portugal, representando 25% do total de emissões, além de consumir 65% do petróleo na Europa, quase todo importado.