14 grupos políticos palestinianos entraram em acordo para a formação de uma “governo interino de reconciliação nacional” assim que termine a guerra. O anúncio foi feito esta terça-feira na China pelo ministro dos Negócios Exteriores do país, Wang Yi, na sequência da assinatura de uma “declaração de Pequim” entre todas estas formações.
O acordo é um passo histórico porque envolve quer a Fatah, que controla a Autoridade Nacional Palestiniana, que “co-governa” a Cisjordânia, e o Hamas que detinha o poder na Faixa de Gaza. Em 2006, na sequência da vitória eleitoral deste movimento, os dois grupos enfrentaram-se militarmente tendo sido a Fatah e outros grupos expulsos da Faixa de Gaza.
O chefe da diplomacia chinesa declarou na altura que “a reconciliação é uma questão interna aos movimentos palestinianos mas não pode ser realizada sem a ajuda da comunidade internacional.
Israel: Netanyahu nos EUA à procura de apoio, parlamento considera UNRWA “terrorista”
O sinal de reconciliação chegou no dia em que o primeiro-ministro israelita começou a sua visita aos Estados Unidos onde se encontrará na quinta-feira com o ainda presidente Joe Biden e na quarta-feira falará diante do Congresso o que fará pela quarta vez. Netanyahu é o líder estrangeiro que mais discursou perante este órgão norte-americano.
Enquanto isso, também esta segunda-feira, o parlamento do Estado sionista aprovou uma primeira leitura da lei que considera a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos, a United Nations Relief and Works Agency for Palestinian Refugees (UNRWA), uma “organização terrorista” avançando ainda mais nos ataques que lhe tem vindo a fazer ao longo dos anos e que se intensificaram desde este último ataque a Gaza. Depois do ataque do Hamas a Israel a 7 de Outubro, o Estado sionista acusou a centenas de trabalhadores da UNRWA de pertencerem ao Hamas ou à “Jihad Islâmica” sem nunca ter apresentado provas. A acusação, porém, conseguiu fazer com que vários países deixassem de doar dinheiro à organização internacional. Vários deles foram revertendo a decisão ao longo dos últimos meses.
A agência providencia educação, serviços de saúde e ajuda aos refugiados palestinianos, quer os deslocados internos em Gaza e na Cisjordânia quer aqueles que vivem nos Estados vizinhos do Líbano, Síria e Jordânia.
Depois desta primeira votação, o pacote legislativo passará pelas comissões de Negócios Estrangeiros e de Defesa e depois voltará a plenário. Este faz ainda com que a agência da ONU fique proibida de atuar em “território israelita” e a imunidade e benefícios de que o pessoal das Nações Unidas gozam sejam retirados.
A principal promotora do diploma, Yulia Malinovsky, do Yisrael Beiteinu, um movimento ultra-nacionalista, dissidente do partido do primeiro-ministro israelita e que representa sobretudo os israelitas russófonos, diz que a agência da ONU é “uma quinta coluna dentro de Israel” e, mais uma vez sem apresentar provas concretas que “não há um dia em que o nosso porta-voz do Exército não publique novas descobertas que ligam a UNRWA ao terrorismo”.
Do lado da UNRWA, a sua porta-voz, Juliette Touma, nota que apesar de ser “mais uma tentativa de uma campanha mais vasta para desmantelar a agência” é algo “inédito na história das Nações Unidas.
Philippe Lazzarini, o chefe da organização da ONU, denuncia entretanto mais um ataque a uma coluna de ajuda humanitária “claramente identificada” na cidade de Gaza e que estaria a operar “em coordenação” com as autoridades israelitas.
Os massacres continuam
Esta terceira-feira, chegam de Gaza as notícias de que a ofensiva israelita contra Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, se intensifica. Pelo menos 89 palestinianos foram mortos e centenas feridos avança o governo local. Antes disso, o Ministério da Saúde de Gaza tinha emitido um comunicado identificando 84 pessoas mortes pelos ataques sionistas nas últimas 24 horas em pelo menos oito pontos do território.
O balanço oficial de assassinatos das forças armadas israelitas em Gaza é agora de 39.090, tirando os desaparecidos, havendo ainda 90.147 feridos.
Para além disso, chegam notícias de outros pontos da Palestina. Em Jerusalém Leste, as demolições de casas aumentaram 60% desde 7 de outubro com Israel a destruir as habitações de quem “construiu sem autorização” ao mesmo tempo que impossibilidade a obtenção destas.
Na Cisjordânia registam-se ataques sionistas com drones em Tulkarem. Houve ainda ataques mais a sul em Sa’ir e ash-Shuyukh dos quais resultaram dois mortos. Nos últimos nove meses, houve já 28 ataques de drones na Cisjordânia, de acordo com a Al Jazeera, dos quais resultaram 77 mortos, incluindo 14 crianças.