O Bloco de Esquerda reuniu com a Coligação Cívica - Participar no Plano Estratégico para a Política Agrícola Comum 2023-27 PEPAC, movimento que integra nove peritos que se demitiram do Conselho de Acompanhamento da Revisão da Política Agrícola Comum.
Em declarações à imprensa no final da reunião, Catarina Martins afirmou que “há uma serie de organizações e especialistas que vêm chamar a atenção para o facto de que dar o dinheiro aos mesmos de sempre não vai mudar o país”.
“O que o Governo está a querer fazer com o dinheiro da PAC é repetir erros do passado” referiu a coordenadora do Bloco acrescentando que “há uma elite de beneficiários da PAC que fica com muitos milhões ao longo dos anos” mas esse investimento “não tem as reproduções que são necessárias no território”.
Catarina Martins considera que os fundos da PAC devem ser aplicados “no apoio a pequenos produtores, para uma floresta mais segura” uma vez que “é urgente povoar o território, termos um território mais seguro face às alterações climáticas” bem como face ao perigo dos incêndios.
“A PAC vai até 2027, são 10 mil milhões de euros. Se o dinheiro da PAC não for bem utilizado sabemos que tudo o que tem sido dito tanto sobre o povoamento do interior quanto sobre as metas climáticas é mentira” concluiu Catarina Martins.
Explicitando os objetivos desta plataforma, Catarina Grilo, da ANP/WWF, afirmou que “o que nos une é a necessidade que sentimos de abrir a participação pública na elaboração do plano estratégico para a PAC”, uma vez que “o que temos vindo a registar é uma falta de diálogo e de abertura para os contributos”.
Por sua vez, João Fernandes, diretor da OIKOS, recordou que os fundos da PAC são “quase tanto como a bazuca”, constituindo “o único tiro que temos para discutir a importância de coisas como as alterações climáticas e o impacto que vão ter nas culturas e nos territórios nacionais”.
Este especialista considera ser necessário “redirecionar os financiamentos da PAC para objetivos que não têm meramente a ver com a produção de alimentos mas para aquilo que chamamos de bens públicos e comuns”, designadamente “a preservação dos ecossistemas, a biodiversidade, a cultura e tradição dos nossos territórios e portanto preservar o modo de vida dos agricultores e dos pequenos produtores que pura e simplesmente não tem tido acesso aos recursos da PAC”.
O Bloco de Esquerda apresentou um projeto de resolução sobre este assunto, designado “por uma Política Agrícola Comum mais útil para a sociedade e mais justa para todos os territórios e agricultores”.