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Os anúncios de aumentos do governo “foram uma mentira”

Milhares de trabalhadores saíram este sábado às ruas seguindo a convocatória da CGTP-IN com o lema “Todos a Lisboa! Aumento Geral dos Salários e Pensões – Emergência Nacional”. Palavras de ordem como “Costa, escuta: o povo está em luta” e “uma vida a trabalhar, as pensões estão a roubar” juntaram-se a faixas “contra a precariedade”, entre muitas outras, e encheram a Avenida da Liberdade de um tom de luta.
Das reivindicações da CGTP faz parte um aumento “no imediato” de salários e pensões de pelo menos 10% ou de 100 euros no mínimo para todos os trabalhadores, a fixação de limites máximos nos preços dos bens e serviços essenciais e uma taxação extraordinária “sobre os lucros colossais das grandes empresas”.
Isabel Camarinha, antes do início da manifestação, falou aos órgãos de comunicação para sublinhar que “o aumento geral dos salários e das pensões é a garantia para o desenvolvimento económico”.
O governo não tem feito quase nada
Também presente na manifestação, Catarina Martins concorda com esta ideia. Diz estarmos numa “economia cada vez mais desequilibrada, mais desigual” e acusa o governo de ter falhado “todas as promessas”, sendo que as pessoas manifestam-se “por um país que tenha o básico: respeitar quem trabalha. Isso é atualizar salários, atualizar pensões e controlar as margens de lucro, controlar os preços porque só isso pode travar a inflação”.
A coordenadora do Bloco sublinha nesse sentido que “não tem nenhum sentido” pensar que “os salários é que podem provocar a inflação”. “A realidade demonstra” que esta ideia “é absurda” e que “a inflação está a ser criada por vários fenómenos e um deles que o governo podia combater é a especulação de grandes grupos económicos”.
O partido critica o governo por ter utilizado os acordos de rendimentos que assinou supostamente para aumentar os salários tanto no público como no privado “como prova de uma maioria absoluta que dialoga com o país”. Mas “estamos em março” e “não há aumentos em lado nenhum, nem no público nem privado”. Pelo contrário, “o que as pessoas sentem é que é cada vez mais difícil que o salário chegue até ao final do mês”. “Há pessoas a trabalhar há décadas sem verem um tostão de aumento de salário, com salários congelados e a prestação da casa a galopar e a renda a aumentar e a conta do supermercado a aumentar”, descreve.
Para ela, o governo “não tem feito quase nada” e o que faz são “anúncios” que “foram uma mentira e as pessoas sabem”. “Quantos anúncios é que o governo já fez que no concreto foram nada da medidas”, questiona, dando como exemplos as medidas para habitação, sendo que as rendas e as prestações da casa continuam “sempre a subir” e “não se viu nada” para o contrariar. Outro dos exemplos são precisamente os preços onde também “não foi feita nada”: “como é que não é possível no nosso país definir o que são bens essenciais e definir preços máximos para os bens essenciais como se fez por exemplo na pandemia para as máscaras e para o álcool”, questiona igualmente.
A contrastar com os anúncios governamentais há outros: as pessoas “veem os anúncios dos milhões de lucros dos grandes grupos económicos, as remunerações milionárias das administrações dos grandes grupos e a única coisa que sabem é que o seu salário não chega sequer para pagar a conta do supermercado”.
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