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Orçamento "é uma enorme desilusão”, diz Catarina

A coordenadora do Bloco de Esquerda considera “um balde de água fria” a proposta de Orçamento do Estado entregue pelo Governo. “O que nos afasta do Governo não são os milhões que vão para a saúde, são as regras para que esse investimento seja executado” afirmou Catarina Martins.
Orçamento "é uma enorme desilusão”, diz Catarina. Fotografia: Ana Mendes

No final de uma visita ao Centro Hospitalar de Setúbal, Catarina Martins reagiu à proposta de Orçamento do Estado entregue pelo Governo, que considerou “uma enorme desilusão”. 

“Não há no Orçamento do Estado uma única medida que permita fixar os profissionais do Serviço Nacional de Saúde”, considerou a bloquista, acrescentando que “situações como a do concurso para médicos de família na zona de Lisboa e Vale do Tejo” que ficou com metade das vagas por preencher continuará a repetir-se porque “não tem solução com este Orçamento do Estado”. Também sem solução ficam problemas como o registado no Centro Hospitalar de Setúbal, que abriu um concurso para 33 médicos mas só oito concorreram. 

Catarina Martins reconheceu o trabalho dos profissionais de saúde que “estiveram dois anos sem férias”, a trabalhar para combater a pandemia. “Não bastam promessas e palmas. Faltam médicos em todo o país. Há 15 anos que não há concursos para médicos especialistas. Não podemos ficar de braços cruzados a assistir a promessas quando não muda nenhuma regra”. 

A coordenadora do Bloco lembrou que o Estado gasta “150 milhões de euros” a contratar médicos através de empresas prestadoras de serviços, ou seja, trabalhadores a “falsos recibos verdes”, em vez de os contratar diretamente. 

O Orçamento entregue “não muda nenhuma regra”, insistiu Catarina Martins, acrescentando que “o que nos afasta do Governo não são os milhões que vão para a saúde, são as regras para que esse investimento seja executado”. 

“Um Orçamento do Estado que não resolva os problemas não terá a aprovação com o Bloco de Esquerda” concluiu. 

Centro Hospitalar de Setúbal "em situação desesperante", dizem médicos

Catarina Martins visitou esta terça-feira o Hospital de São Bernardo, em Setúbal, unidade que integra o Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) conjuntamente com o Hospital Ortopédico Sant’Iago do Outão. Na passada semana, 87 diretores de serviço demitiram-se. Em conferência do imprensa, o diretor Nuno Fachada afirmou que este é “último grito de alerta para a situação desesperante a que o Centro Hospitalar de Setúbal chegou, à rutura das urgências e em vários serviços primordiais do hospital”.

No final desta iniciativa, Catarina Martins recordou que este centro hospitalar enfrenta uma “situação muito complicada”, com falta de investimento e de condições das instalações, às quais acresce “a dificuldade de contratação de profissionais fundamentais”. 

“Os médicos demissionários não deixam de estar aqui todos os dia a trabalhar, a fazer o seu melhor para que a população tenha o acesso aos cuidados de saúde de que necessita”, afirmou a coordenadora do Bloco de Esquerda. 

Uma das dificuldades com o Centro Hospitalar se depara é a falta de condições físicas das urgências e o investimento “que já está decidido e cabimentado tem vindo a ser sucessivamente protelado”.

Outra dificuldade remete para “o financiamento muito inferior às condições que lhe são exigidas, uma vez que “é financiado como se servisse um pequeno território com pouca diferenciação” quando, na realidade, “serve um território muito grande, com muita diferenciação e em algumas especialidades serve toda a zona sul do país”. Por fim, Catarina Martins referiu que este Centro Hospitalar, à semelhança de mitos outros, “não consegue ter os profissionais de que precisa”. Este ano foi aberto um concurso para “33 médicos para diferentes especialidades” mas só concorreram oito. 

“Bem pode o Governo dizer que vai abrir concursos mas as vagas sistematicamente ficam vazias” porque não são feitos investimentos, prosseguiu a coordenadora do Bloco. 

No que diz respeito às necessidades do Serviço Nacional de Saúde, “o Centro Hospitalar de Setúbal resume bem o que o SNS precisava ter”, concluiu Catarina, lamentando que a proposta de Orçamento do Estado do Governo “infelizmente não responde” a estas necessidades.

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