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OMS insiste na moratória à terceira dose da vacina

“Não queremos ver desperdício de vacinas de reforço para pessoas saudáveis totalmente vacinadas” nos países ricos, enquanto em muitos países a população de risco nem a primeira dose recebeu, diz o presidente da Organização Mundial de Saúde.
Missão de vacinação da União Africana na Somália
Missão de vacinação da União Africana na Somália. Foto Mokhtar Mohamed/AMISON - Flickr

“Há um mês eu apelei para uma moratória global das doses de reforço pelo menos até ao fim de setembro para permitir vacinar as pessoas de maior risco no mundo que ainda não receberam a primeira dose. Hoje eu apelo a uma extensão da moratória pelo menos até final do ano para permitir que cada país possa vacinar pelo menos 40% da sua população”, afirmou esta quarta-feira o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, citado pela agência Lusa.

Numa altura em que os países ricos discutem as vantagens de providenciar a terceira dose da vacina contra a covid-19 às suas populações, boa parte da população mundial continua sem acesso ás vacinas. 80% do total de doses de vacinas disponíveis foram administradas a habitantes dos países com alto ou médio rendimento e é contra esta desigualdade que a OMS tem alertado nos últimos meses.

Ghebreyesus reconhece que a terceira dose é necessária para grupos de maior risco, mas sublinha que não há prova científica do benefício da terceira dose em pessoas saudáveis e já com a vacinação completa. “Por agora não queremos ver desperdício de vacinas de reforço para pessoas saudáveis totalmente vacinadas”, diz o líder da OMS, que continua apostado no objetivo de conseguir uma cobertura de 10% da população de cada país até ao fim de setembro, 40% até ao fim do ano, de forma a que 70% da população mundial esteja vacinada em meados de 2022.

Até ao momento, “nenhum dos países de baixo rendimento atingiu estes objetivos”, lamentou Ghebreyesus, apontando o dedo aos fabricantes de vacinas por “estarem a dar prioridade ou estarem legalmente obrigados a cumprir, por acordos bilaterais, com os países ricos”, privando os restantes da capacidade de proteger as suas populações. Por outro lado, os países ricos só entregaram 15% das doses que prometeram doar. “Não queremos mais promessas. Nós só queremos as vacinas”, sublinhou.

No caso português, as autoridades de saúde admitem desde o início de setembro a administração de uma terceira dose para maiores de 16 anos com imunodepressão, desde que prescrita por um médico.

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