"A realidade tem sistematicamente desmentido o Governo e dado razão à OCDE nas suas previsões. Estes dados vêm confirmar aquele que parece ser o empenho da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, seguindo a tradição de Vítor Gaspar, de falhar todas as previsões macroeconómicas e todas as metas do défice", afirmou a deputada do Bloco Mariana Mortágua, citada pela agência Lusa.
"Este é o terceiro Orçamento do Estado apresentado por este Governo e esta é a terceira vez que a OCDE vem a público contrariar o Ministério das Finanças, fazendo previsões mais pessimistas quer para o défice, quer para o crescimento económico", sublinhou a deputada bloquista, concluindo que "antes do Orçamento do Estado ser aprovado, as suas previsões já não são realistas".
"Achamos, no entanto, que a ministra das Finanças não o faz por pura incompetência, mas sim, como uma tentativa deliberada e também desesperada de esconder os efeitos das suas próprias políticas de austeridade, que são devastadoras para o crescimento económico e, por isso, também devastadoras para as contas públicas", defendeu Mariana Mortágua.
Para a deputada do Bloco, "a saída da recessão técnica é sol de pouca dura" porque todas as medidas orçamentais do Governo "contrariam essa própria intenção de melhoria económica". "Não existe possibilidade de melhoria económica quando se continua a atacar o poder de compra dos reformados e dos trabalhadores portugueses", concluiu Mariana Mortágua.
Num plano geral, o secretário-geral da OCDE prevê um crescimento económico de 2,3% no próximo ano para os 34 países membros, subindo dos 1,2% registados este ano. Angel Gurria garantiu que "a recuperação é real, mas lenta e com a possibilidade de turbulência no horizonte", em particular nos Estados Unidos.
As previsões divugadas esta terça-feira no "Economic Outlook" da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) dizem que Portugal irá falhar todas as metas acordadas com a troika no que respeita ao défice. Para este ano, prevêem um défice de 5,7% (Passos acordou 5,5%), em 2014 4,6% (mais que os 4% fixados) e em 2015 3,6% (bem acima dos 2,5% que o Governo e a troika definiram como meta). Quanto ao crescimento económico, a OCDE prevê que se cifre apenas em 0,4% em 2014 (metade dos 0,8% previstos pelo Governo e a troika), enquanto em 2015 as previsões elevam-no para 1,1% (menos do que o 1,5% previsto pelo Governo e a troika).