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Observatório regista 30 mulheres assassinadas este ano em Portugal

Segundo os dados recolhidos pelo Observatório de Mulheres Assassinadas, 16 das mulheres assassinadas estavam em relações de intimidade e 10 mostravam sinais de violência prévia.
Foto de Paula Nunes, esquerda.net.

As contas têm por base as notícias reportadas pelos órgãos de comunicação social entre 1 de janeiro e 15 de novembro deste ano, e revelam que a tendência anual de femicídios com denúnias anteriores de violência permanece inalterada. Em 2019 foram assassinadas também 30 mulheres.

O Observatório de Mulheres Assassinadas, uma estrutura da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), concluiu com base nestes dados que em 63% dos femicídios reportados havia violência prévia e em 40% havia ameaça de morte. Em 80% destes casos a violência era conhecida de outras pessoas.

Em 16 dos femicídios estavam crianças presentes e em 10 dos crimes a mulher assassinada tinha filhos em comum com o homicida. 21 crianças ficaram órfãs como resultado. E se nove dos assassínios ocorreram durante a relação, seis ocorreram após o fim da relação. Já em oito casos, as mulheres tentaram separar-se do homicida previamente.  

Ao jornal Público, Cátia Pontedeira, do Observatório, afirma que “não podemos dizer que a pandemia afetou os nossos dados. O que podemos dizer é que a pandemia torna a convivência mais difícil”. “Os femicídios têm uma motivação de género que não podemos ignorar”, acrescenta.

Apesar de os femicídios em contexto de intimidade terem diminuido face a 2019 (de 21 para 16 registados em 2020), as tentativas de femicídio neste contexto aumentaram de 24 para 43. Em 2019, 28 mulheres foram assassinadas em contexto de intimidade, e duas noutros contextos, num total de 30 mulheres assinadas.

Desde 2004 foram registadas 564 mulheres assassinadas em contexto de violência doméstica e 663 tentativas de femicídio.

As vítimas registadas em 2020 tinham entre 36 e 50 anos, e metade estava empregada. Os homicidas tinham mais de 36 anos, e apenas 35% estavam empregados.

Em 44% das situações, o crime ocorreu na residência conjunta ao casal, e em 25% na residência da vítima. Um crime foi registado no local de trabalho e outro na via pública. Foi utilizada uma arma de fogo em sete casos e arma branca em quatro. Foram ainda registados dois casos de asfixia. Em cinco situações, cinco dos homicidas suicidaram-se após o crime; três tentaram suicidar-se.

 

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