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Objetivos da Agenda 2030 estão em risco devido à crise climática

O relatório coordenado por várias agências das Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) monitoriza o impacto das alterações climáticas e dos fenómenos meteorológicos extremos no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) inscritos na Agenda 2030. E a edição de 2023 levanta mais preocupações, pois apenas 15% desses objetivos parecem estar a caminho de serem concretizados a tempo.
Num ano que já mostrou qual pode ser o impacto destes fenómenos associados às alterações climáticas, o secretário-geral da ONU afirmou que "sabemos que isto é apenas o início e que a resposta global está a ser insuficiente. Entretanto, a meio caminho do prazo de 2030 para os ODS, o mundo está lamentavelmente fora do caminho".
Entre os 17 ODS estão a erradicação da pobreza e da fome, a educação e saúde de qualidade, o acesso a água potável e saneamento, o trabalho digno, a igualdade de género, a proteção da vida marinha e terrestre, a paz e a justiça, entre outros. E para cumprir essas metas, a ciência é "fundamental", alertou Guterres, citado pela agência Lusa.
Aposta na ciência pode ajudar a cumprir os ODS
Neste momento, o planeta está a meio do calendário previsto para atingir aquelas metas, sem que se vejam grandes progressos. Mas a ciência pode ajudar nisso, acredita o secretário-geral da OMM. "Os avanços científicos e tecnológicos inovadores, como a modelação climática de alta resolução, a inteligência artificial e o nowcasting [previsão do tempo a curtíssimo prazo], podem desencadear a transformação para alcançar os ODS. E conseguir sistemas de alerta rápido para todos até 2027 não só salvará vidas e meios de subsistência, como também ajudará a salvaguardar o desenvolvimento sustentável", afirma Petteri Taalas.
Este relatório mostra, por exemplo, como as previsões meteorológicas ajudam a aumentar a produção alimentar e a reduzir ou eliminar a fome. Ao integrar a epidemiologia e a informação climática, podemos compreender e antecipar as doenças que são sensíveis ao clima. E os sistemas de alerta rápido ajudam a reduzir a pobreza, dando às pessoas a possibilidade de se prepararem e limitarem o impacto de cheias, ondas de calor ou tempestades.
Calcula-se que mais de dois milhões de pessoas tenham morrido por causa dos cerca de doze mil fenómenos meteorológicos extremos entre 1970 e 2021. 90% dessas mortes ocorreram em países em desenvolvimento, bem como 60% das perdas económicas avaliadas em 4,3 biliões de dólares. Com os próximos anos a terem uma probabilidade de 98% de serem os mais quentes de sempre e a meta do 1,5°C aumento da temperatura média do Acordo de Paris para o fim do século a ser atingida daqui a menos de dez anos, a escala da catástrofe provocada por aqueles fenómenos irá aumentar, prevê o relatório, comprometendo assim os ODS. Daí a necessidade de apostar na ciência no sentido de poder mitigar alguns dos efeitos das alterações climáticas e ajudar a cumprir pelo menos alguns desses objetivos.
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