A coordenadora bloquista apresentou esta sexta-feira as conclusões da reunião da Comissão Política da véspera (ler declaração aprovada), que discutiu as linhas gerais do programa eleitoral para as legislativas de 10 de março. O programa eleitoral será apresentado no próximo dia 20 de janeiro.
"Convocadas as eleições para 10 de março, todas as perguntas apontam para o dia seguinte: quem responde aos bloqueios nos salários, na saúde, na habitação, nas escolas, no ambiente? Que maioria se pode formar? Que medidas concretas poderão sustentar essa maioria?". Para Mariana Mortágua, "estas perguntas devem ter resposta" porque "a clareza sobre o dia seguinte é uma condição da escolha informada e uma exigência normal da democracia".
"O voto no Bloco garante que haverá em Portugal uma maioria comprometida com soluções de esquerda", prosseguiu Mariana Mortágua, sublinhando que após a apresentação do programa eleitoral "o Bloco assume o compromisso da negociação de um acordo de maioria para um programa de governo que faça o que nunca foi feito".
"Tendo em conta que ninguém quer uma maioria absoluta em Portugal, é responsabilidade de todos os partidos neste início de campanha dizer ao que vêm, o que é que querem para o país e como se propõem a concretizar os seus programas", apontou, elencando em seguida as linhas gerais do programa eleitoral bloquista.
Em primeiro lugar, o aumento real dos salários no público e privado e a criação de novas regras contra a precariedade são consideradas "condições essenciais para garantir aos mais jovens um futuro em Portugal e aos mais velhos a tranquilidade depois de uma vida de trabalho". Em segundo lugar, propõe medidas para "baixar o preço das casas, dos juros e das rendas, aumentar a oferta pública de habitação e combater a especulação imobiliária". Em terceiro lugar, defende a construção de uma "resposta de cuidados dignos para a infância e a velhice, de acesso universal".
Na Saúde, o Bloco irá propor uma reforma do SNS "com mais investimento, melhores condições para atrair e fixar os seus profissionais e com a implantação de novas valências hoje ausentes do SNS". E na Educação, quer ver cumprido o reconhecimento de todo o tempo de serviço dos professores, além de melhores condições de remuneração e carreira para recrutar novos docentes.
No plano da emergência climática, o Bloco rejeita "decisões que penalizam quem menos tem", como o aumento do IUC ou as portagens no interior, mas também as facilidades concedidas na aplicação das normas ambientais no licenciamento de grandes negócios, como os da extração mineira ou da agricultura superintensiva. O Bloco irá defender "um programa industrial, de emprego qualificado e de coesão social e territorial, capaz de alterar padrões de produção, transporte e consumo".
Ao manifestar a disponibilidade do Bloco para negociar uma maioria em torno de políticas concretas, Mariana Mortágua diz que "os eleitores têm o direito a saber o que vai acontecer no dia a seguir às eleições". Da parte do Bloco, no dia a seguir às eleições tem de existir "uma maioria para medidas concretas para resolver os problemas na saúde, na habitação, nos salários, para responder à emergência climática".
A concluir, a coordenadora do Bloco promete que o partido irá "dialogar com outros programas eleitorais e encontrar passos comuns para que os eleitores se possam mobilizar em torno de um projeto que lhes dê esperança no futuro".