O nosso povo não recuou": Esquerda turca reage à vitória de Erdogan

31 de maio 2023 - 19:36

Os líderes do Partido Democrático do Povo (HDP) e da Esquerda Verde (YSP) afirmam que o resultado da segunda volta das presidenciais expressa uma clara vontade de mudança, tendo em conta as sucessivas violações das regras democráticas ao longo da campanha.

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Mithat Sancar (HDP), Ibrahim Akin e Çigdem Kiliçgun Uçar (YSP) na conferência de imprensa desta segunda-feira. foo HDP Europe.

Pela primeira vez, o presidente turco Erdogan foi forçado a disputar uma segunda volta das presidenciais, onde obteve cerca de 52% face aos cerca de 48% do líder do principal partido da oposição, Kemal Kiliçdaroglu.

Em conferência de imprensa, os líderes do Partido Democrático do Povo (HDP) e da Esquerda Verde (YSP), que concorreram às legislativas com a sigla deste último ante as ameaças de ilegalização do HDP, fizeram o seu balanço do resultado desta segunda volta das presidenciais. Ibrahim Akin, co-presidente do YSP, sublinhou que o país "assistiu a uma eleição injusta, marcada por violações das regras democráticas mais elementares, e que teve lugar sob as condições repressivas de um regime unipessoal".

"Não houve imprensa livre nem justiça independente. Os recursos do Estado foram usados a favor do incumbente e um exército de trolls na internet ao serviço do aparelho de propaganda do palácio, ao criarem conteúdo deep-fake e espalharem desinformação na forma de poluição informativa, tornou claro de forma repetida que esta eleição não foi justa", acrescentou Akin.

O dirigente da Esquerda Verde, partido que integra o HDP, a formação maioritária no leste do país com maioria curda, justificou a linha política seguida na campanha onde apoiaram Kiliçdaroglu, pois "defendemos que o mais importante era uma mudança de regime" e oferecer propostas realistas a uma sociedade "confrontada com a escolha entre autoritarismo ou democracia". Uma campanha bem sucedida, no seu entender, por ter impedido Erdogan de vencer à primeira volta. E que prosseguiu na segunda volta, com resultados positivos, apesar do desfecho a nível nacional.

"Os resultados mostram que os nossos eleitores apoiaram decididamente as políticas e objetivos do nosso partido", ao verificar que o nível de votação em Kemal Kiliçdaroglu nas 16 províncias de maioria curda foi tão elevada como na primeira volta. "Apesar de todas as pressões e campanhas sujas, o nosso povo não recuou", congratulou-se Ibrahim Akin.

Para o futuro, o HDP e a Esquerda Verde prometem "continuar a luta democrática tanto no parlamento como em todas as outras áreas da vida para fazer crescer a política democrática", tendo em conta que a principal tarefa está na mudança de um sistema "bloqueado, que polariza a sociedade e destrói as bases da democracia". E concluiu que no ano em que se celebra o centenário da República é necessário unir esforços para "criar uma Constituição civil e democrática".