Acompanhada pela ativista Anabela Rodrigues e o vereador Manuel Grilo, Marisa Matias reuniu com Timóteo Macedo, fundador e presidente da Associação Solidariedade Imigrante, associação com mais de 48 mil associados e que garante apoio aos imigrantes nos seus processos de regularização.
“Tenho ao longo da minha vida acompanhado muitas comunidades imigrantes. Somos um país de emigrantes e imigrantes”, diz Marisa Matias. E por isso critica as falhas do Estado: “não temos uma política para a inclusão de imigrantes".
“Não temos uma resposta digna que proteja os direitos humanos. Estamos a falar de pessoas que contribuem para o nosso país, pessoas que têm de esperar uma eternidade para iniciar um processo de regularização. Pessoas que trabalham e fazem descontos, mas a quem o Estado não reconhece direitos”, prosseguiu.
Marisa Matias falava no centro de atendimento da Solidariedade Imigrante, em Lisboa, onde encontrou pessoas “que vieram do Algarve e outras regiões do país para poderem ser ouvidas”. “Olhar para a imigração e para os imigrantes como suspeitos, dá nisto. Temos de ter respostas administrativas que respeitem os direitos destas pessoas", defendeu a candidata.
E “o Estado falha ao não ter essa resposta administrativa. Ao fazer as pessoas perderem dias de trabalho sucessivos” para se conseguirem regularizar. “Falha ao não ter serviços e políticas públicas que permitam a sua inclusão, e estas pessoas dependem depois do trabalho destas associações para poderem ter alguém que as ajude”.
Nas instalações da Solidariedade Imigrante eram visíveis centenas de processos. "Cada um destes processos é uma pessoa. E cada pessoa está vários meses ou anos à espera de um agendamento para ver os seus direitos reconhecidos”, apontou Marisa, contrapondo que essa situação “não é admissível: as pessoas não podem esperar eternidades para se regularizar quando contribuem para este país de forma tão expressiva”.
“Se não olharmos para esta questão como uma questão de direitos humanos e continuarmos a olhar como uma questão de criminalização da imigração, não vamos resolver o problema”, diz ainda, lembrando o caso de Ihor Homeniuk como o exemplo de que “não podemos olhar para a imigração como um conjunto de suspeitos”.
Adiar eleições? "Esta campanha foi construída em linha com as recomendações da DGS"
Questionada sobre a hipótese de alteração da data das eleições presidenciais, Marisa considera que “os especialistas já tinham alertado que a campanha poderia decorrer durante uma provável vaga pandémica”, pelo que a sua campanha “foi construída em linha com as recomendações da Direção-Geral da Saúde”. “Cumprindo todas as normas, utilizarei esta campanha para ouvir pessoas e dar-lhes voz”.
Timóteo Macedo, da Solidariedade Imigrante, afirma que é importante “que se dê voz a quem não tem voz para que as pessoas sejam respeitadas nos seus direitos básicos e na sua dignidade. Efetivamente, há muitas pessoas que estão a ficar para trás. São os e as imigrantes que estão sem direitos nenhuns. E estas pessoas querem afetos, querem ter alguém com quem falar. E a Marisa tem um papel importante junto destas pessoas”.
O responsável relembra que a associação “está em risco de ser despejada” do imóvel onde trabalham. E “a Câmara Municipal de Lisboa tem a obrigação de garantir um espaço digno para este serviço que a associação presta”, uma das maiores associações europeias de defesa dos direitos imigrantes. “Recebemos mais de 60 pessoas por dia durante a semana, e aos sábados cerca de 30 pessoas. Centenas de pessoas por mês provenientes de 98 nacionalidades diferentes. Não há nenhuma associação com tanta diversidade como a Solim”, que tem mais de 48 mil associados.