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Novo Banco: “Responsabilidade é ter a coragem de tomar as decisões que protegem o país”

Num debate transmitido pela TVI24 esta quinta-feira à noite, a deputada do Bloco de Esquerda lembrou que existem “bastantes indícios de que o Novo Banco está a ser gerido por forma a maximizar os pagamentos do Estado para beneficiar o seu acionista privado”.
Mariana Mortágua explicou que a proposta bloquista para impedir novas transferências do Fundo de Resolução para o Novo Banco antes de se conhecer o resultado de uma auditoria à gestão da Lone Star não viola nenhum contrato. “O que o contrato diz é que há um pagamento anual que tem de ser feito quando as contas forem fechadas, ou seja, a 31 de março. Depois o Estado tem um prazo, através do Fundo de Resolução, para fazer esse pagamento. O que viola o contrato é se esse pagamento de março é ou não é realizado”, explicou.
“Aquilo que nós defendemos é que, para determinar se esse pagamento é ou não é realizado, e para determinar o seu montante, é preciso conhecer os resultados da auditoria. O que não pode acontecer é o Parlamento e o Governo andarem a prometer às pessoas uma auditoria e depois ao mesmo tempo assinarem o cheque” para o Novo Banco, continuou.
Mariana Mortágua lembrou que o Bloco há muitos anos tenta fiscalizar aquele que é o “escândalo financeiro do século” e que “ninguém nos pode acusar de não ter olhado para ele ao longo de toda a nossa história”, sendo que esta é apenas mais uma dessas atividades de fiscalização que, felizmente, desta vez foi aprovada.
De acordo com a deputada, mediante a aprovação desta proposta, “a fatura, na pior das hipóteses, será a mesma, e, na melhor das hipóteses, pouparemos muito dinheiro aos contribuintes e salvaguardaremos a dignidade do Estado enquanto negociador”
Mariana Mortágua apontou que estamos perante “a posição abusiva de um fundo financeiro abutre face ao Estado português, e isso não defende ninguém, nem agora nem para futuro”.
"É uma medida de transparência, de rigor, uma medida que permite ao parlamento poder ter algum controlo sobre as contas no Novo Banco"@MRMortagua explica que a proposta do Bloco não desrespeita nenhum contrato e realça a necessidade da realização de uma auditoria à gestão do NB. pic.twitter.com/m8KFgk8ZR1
— Bloco de Esquerda (@EsquerdaNet) November 26, 2020
Questionada sobre se a medida aprovada prejudica o Novo Banco, a deputada frisou que “entregar o Novo Banco ao Lone Star com uma garantia de 3.900 milhões em não tão suaves prestações anuais sem ter o controlo sobre os ativos que o fundo abutre ia vender” é que prejudicou bastante o Novo Banco. Bem como “uma resolução apressada, feita em 2014, que comprometeu 4.900 milhões dos contribuintes e que não garantiu a estabilidade do banco nem dos seus ativos”. E, antes disso, as decisões de Ricardo Salgado, sem que questionassem “os seus offshores, os seus negócios e o financiamento de partidos”, e apelidassem quem o questionava de “irresponsável”. Mariana Mortágua deu ainda o exemplo da venda da Tranquilidade por 60 milhões a um fundo abutre, para ser depois revendida por 600 milhões.
“Quem é que ficou com o lucro e por que é que esse lucro não serviu os contribuintes e o Estado português? E somos nós os irresponsáveis por querer colocar estas questões e tirar consequências dela?”, questionou.
“Estamos a assumir a nossa função, o nosso dever. E o nosso dever é fiscalizar estas operações, não deixar que os erros do passado se repitam”, apontou Mariana Mortágua, defendendo que “não vale a pena prometermos auditorias se não teremos em causa os seus resultados”.
“Responsabilidade é ter a coragem tomar as decisões que protegem o país, protegem os interesses financeiros dos contribuintes e a dignidade do Estado", defendeu.
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