Nova estratégia para vacinação sazonal falhou, denuncia USF-AN

06 de janeiro 2024 - 17:53

Unidade de Saúde Familiar - Associação Nacional escreve que “contra factos, não há argumentos”, já que dados disponíveis demonstram que a taxa de cobertura vacinal se encontra abaixo do que aconteceu em anos anteriores. Moisés Ferreira frisa que situação se deve a “opção do próprio Governo”.

PARTILHAR
Fotografia de André Gomes de Melo/Flickr.

Em comunicado, a Unidade de Saúde Familiar Associação Nacional (USF-AN) escreve que “os dados disponibilizados pelo Vacinómetro, bem como os dados presentes no relatório da DGS
(Direção Geral da Saúde) relativo à vacinação sazonal 2023-2024, demonstram que a taxa de cobertura vacinal se encontra abaixo do que aconteceu em anos anteriores”.

A Associação aponta que, ao estabelecer o modelo de funcionamento da Campanha de Vacinação Sazonal do Outono-Inverno 2023-2024 contra a gripe e contra a COVID-19, o Governo desviou a “iniciativa desta vacinação e disponibilidade de vacinas para as farmácias comunitárias”.

De acordo com a USF-AN, “a estratégia adotada pela Direção-Executiva do SNS para a Vacinação Sazonal do Outono-Inverno 2023-2024 contra a gripe e contra a COVID-19 em farmácias comunitárias não produziu os efeitos esperados, tendo colocado Portugal bastante abaixo da cobertura vacinal alcançada em anos anteriores, quando esta era assegurada pelos Centros de Saúde”.

A Associação não aceita que “se continuem a definir estratégias, nesta e em outras áreas como o atendimento em contexto de doença aguda, que em nada contribuem para a saúde e prevenção da doença da população e que, consequentemente, perturbam gravemente o funcionamento dos serviços de saúde do SNS”.

Apelando “à divulgação das avaliações à atual campanha de vacinação, comparativamente às anteriores”, a USF-AN reitera a “convicção de que todo o Programa Nacional de Vacinação e consequentemente qualquer campanha de vacinação sazonal deve estar centrada nos Cuidados de Saúde Primários, não se caindo no erro de apostar em cuidados de saúde desintegrados, em que se perde o valor dos cuidados globais e de proximidade prestados pelas Equipas de Saúde Familiar”.

Situação deve-se a “opção do próprio Governo”

Na sua conta de X, Moisés Ferreira refere que, se por um lado, o executivo socialista “desculpa-se do caos nas urgências com a gripe”, por outro, “não explica que este ano a cobertura vacinal contra a gripe está muito abaixo do que devia ser por causa de uma opção do próprio Governo”.

“Este ano, o PS decidiu desprezar os centros de saúde e privilegiar a Associação Nacional de Farmácias. Preferiu pagar às farmácias 2€ por cada vacina administrada em vez de colocar os centros de saúde a convocar os utentes e a gerir a vacinação”, escreve o dirigente bloquista.

Moisés Ferreira assinala que, como confirmam os dados evocados pela USF-AN, o resultado está à vista: “mais casos graves, mais casos nos hospitais, mais casos internados”.

“Se investissem no SNS em vez de tentar o seu outsourcing ficaríamos todos a ganhar. Bem, se calhar nem todos, mas ficava a ganhar quem interessa: a população”, remata o dirigente do Bloco.

File attachments