Em comunicado, a Unidade de Saúde Familiar Associação Nacional (USF-AN) escreve que “os dados disponibilizados pelo Vacinómetro, bem como os dados presentes no relatório da DGS
(Direção Geral da Saúde) relativo à vacinação sazonal 2023-2024, demonstram que a taxa de cobertura vacinal se encontra abaixo do que aconteceu em anos anteriores”.
A Associação aponta que, ao estabelecer o modelo de funcionamento da Campanha de Vacinação Sazonal do Outono-Inverno 2023-2024 contra a gripe e contra a COVID-19, o Governo desviou a “iniciativa desta vacinação e disponibilidade de vacinas para as farmácias comunitárias”.
De acordo com a USF-AN, “a estratégia adotada pela Direção-Executiva do SNS para a Vacinação Sazonal do Outono-Inverno 2023-2024 contra a gripe e contra a COVID-19 em farmácias comunitárias não produziu os efeitos esperados, tendo colocado Portugal bastante abaixo da cobertura vacinal alcançada em anos anteriores, quando esta era assegurada pelos Centros de Saúde”.
A Associação não aceita que “se continuem a definir estratégias, nesta e em outras áreas como o atendimento em contexto de doença aguda, que em nada contribuem para a saúde e prevenção da doença da população e que, consequentemente, perturbam gravemente o funcionamento dos serviços de saúde do SNS”.
Apelando “à divulgação das avaliações à atual campanha de vacinação, comparativamente às anteriores”, a USF-AN reitera a “convicção de que todo o Programa Nacional de Vacinação e consequentemente qualquer campanha de vacinação sazonal deve estar centrada nos Cuidados de Saúde Primários, não se caindo no erro de apostar em cuidados de saúde desintegrados, em que se perde o valor dos cuidados globais e de proximidade prestados pelas Equipas de Saúde Familiar”.
Situação deve-se a “opção do próprio Governo”
Na sua conta de X, Moisés Ferreira refere que, se por um lado, o executivo socialista “desculpa-se do caos nas urgências com a gripe”, por outro, “não explica que este ano a cobertura vacinal contra a gripe está muito abaixo do que devia ser por causa de uma opção do próprio Governo”.
“Este ano, o PS decidiu desprezar os centros de saúde e privilegiar a Associação Nacional de Farmácias. Preferiu pagar às farmácias 2€ por cada vacina administrada em vez de colocar os centros de saúde a convocar os utentes e a gerir a vacinação”, escreve o dirigente bloquista.
O governo desculpa-se do caos nas urgências com a gripe. Mas não explica que este ano a cobertura vacinal contra a gripe está muito abaixo do que devia ser por causa de uma opção do próprio governo. pic.twitter.com/xaAIfdrrHY
— moises ferreira (@moisesscf) January 6, 2024
Moisés Ferreira assinala que, como confirmam os dados evocados pela USF-AN, o resultado está à vista: “mais casos graves, mais casos nos hospitais, mais casos internados”.
“Se investissem no SNS em vez de tentar o seu outsourcing ficaríamos todos a ganhar. Bem, se calhar nem todos, mas ficava a ganhar quem interessa: a população”, remata o dirigente do Bloco.