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Nova edição de “Novas Cartas Portuguesas” chega às livrarias esta terça-feira

A edição, da Dom Quixote, tem capa dura e inclui um caderno com fotografias de Jorge Horta, irmão de Maria Teresa Horta, que “acompanhou de perto diversos momentos deste tempo e o processo judicial de que as autoras foram alvo”.

A Dom Quixote anunciou a publicação de uma nova edição do livro Novas Cartas Portuguesas, com o objetivo de assinalar os 50 anos “de um livro intemporal”, pela primeira vez publicado em 1972, ano em que Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, “desafiaram, corajosamente, o regime do Estado Novo”.

De acordo com a editora, a obra “continua a ser um marco na história da literatura portuguesa”.

A Dom Quixote lembra que as autoras “desafiaram, corajosamente, o regime do Estado Novo que, em resposta, instaurou uma perseguição às autoras num vergonhoso processo judicial que viria para sempre a ficar conhecido como o julgamento das Três Marias”.

A nova edição chega às livrarias já esta terça-feira, dia 10. Também organizado por Ana Luísa Amaral e prefaciado por Maria de Lourdes Pintassilgo, tal como o que tem estado disponível no mercado, o livro distingue-se dos anteriores “porque se trata de uma edição em capa dura e por conter um caderno com fotografias de Jorge Horta, irmão de Maria Teresa Horta, que acompanhou de perto diversos momentos deste tempo e o processo judicial de que as autoras foram alvo”.

A editora sublinha que este lançamento “acontece tudo isto numa altura em que Novas Cartas Portuguesas tem vindo a suscitar diversas iniciativas, entre as quais, a primeira, pela voz da até há pouco tempo Ministra da Cultura, Graça Fonseca, que em Angers, França, no decorrer do Fórum pela Igualdade, que prestou homenagem ao livro, defendeu a ideia de que se trata de uma obra que “deveria ser obrigatória nas escolas”; e uma outra, no Teatro Dona Maria II, em Lisboa, onde as encenadoras Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu levaram à cena a peça Ainda Marianas, baseada no livro, em cuja estreia, terminada a mesma, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou Maria Teresa Horta com as insígnias da Ordem da Liberdade”.

Livro desafiou a ditadura, o colonialismo e a ordem patriarcal

Em maio de 1971, Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa começaram a escrever, a seis mãos, as Novas Cartas Portuguesas. Acordaram que, para a escrita em conjunto, partiriam das cartas de amor endereçadas a um oficial francês por Mariana Alcoforado, publicadas em Portugal em edição bilingue pela Assírio & Alvim, com o título Cartas Portuguesas, e em tradução de Eugénio de Andrade.

Em Novas Cartas Portuguesas, Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa desafiam a ditadura e a ordem patriarcal, as convenções sociais do país. Na obra são denunciadas as várias opressões a que as mulheres estavam sujeitas, o sistema judicial que perseguia as mulheres escritoras, bem como a Guerra Colonial e a violência fascista.

Em outubro de 2020, o Esquerda.net entrevistou Maria Teresa Horta sobre o processo de criação literária, a perseguição de que foram alvo e o movimento de solidariedade que atemorizou o regime fascista.

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