Morreu o realizador Fernando Ruiz Vergara

12 de outubro 2011 - 18:45

Fernando Vergara, natural da região da Andaluzia, esteve ligado ao cinema de intervenção. O documentário anti-franquista “Rocio”, censurado em Espanha em plena democracia, foi exibido em Portugal pela Cooperativa Culturas do Trabalho e Socialismo.

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Foto retirada do Jornal do Fundão.

O realizador vivia em Portugal desde 1971, tendo-se fixado, nos últimos anos, na Beira Interior, em Escalos de Baixo.

Durante o 25 de Abril, Vergara organizou inúmeras actividades culturais e ciclos de cinema de Norte a Sul de Portugal, dedicados principalmente aos seus compatriotas espanhóis, ainda sob o jugo franquista.

Fernando Vergara ainda volta a Espanha, após a morte de Franco, acabando por ter que regressar a Portugal nos anos 80.

Em 1980, Fernando Vergara realizou o documentário “Rocio”, com guião de Ana Vila, música de salvador Tavora e fotografia de Víctor Estevao, único filme censurado e sequestrado depois da transição em Espanha, no qual desmonta as bases económicas e de poder que estão na base desta romaria de Almonte (Huelva) e identifica vítimas e principais responsáveis pela repressão do franquismo.

A realização deste documentário valeu a Fernando Vergara um processo judicial movido pela família Reales no início de 1980, tendo sido condenado a pagar uma avultada indemnização. O realizador foi ainda condenado a 2 anos e meio de prisão, tendo o seu advogado conseguido evitar a sua prisão mediante a apresentação de um recurso.

Em 23 de Outubro de 1980, no 1º. Festival Internacional de Sevilha, é-lhe concedido o 1º. Prémio “...pelas suas realizações documentais e analíticas, assim como pela coerência da sua visão polémica da Romaria, desde a vertente antropológica".

Ruiz Vergara produziu para a televisão, entre outros projectos, os titulados “Os ventos”, “A luz occidental” e “Igrejas ad laetere”.

Em 28 de Fevereiro de 2007, Fernando Ruiz Vergara disse...

“Sempre tive o sentimento, nesse caminhar, andar pela vida, de ser um sortudo. Esse sentimento é confirmado, pelo privilégio que os meus semelhantes me proporcionam.

Andar, viver, é esse o caminho, apesar dos obstáculos, é o que dá razão à vida. 

Todos caminhamos, todos queremos, mais ou menos as mesmas coisas; sermos felizes.

Mas essa felicidade, nos compete a nós realizar, não é uma quimera, e a utopia que fomos capazes de a inventar, ainda por cima é mais divertido, apesar de...



Vamos.



Fernando Ruiz Vergara”