Cultura

Morreu o jornalista João Paulo Guerra

04 de agosto 2024 - 20:36

Radialista, jornalista, autor. Pensou sobre a guerra colonial e escreveu sobre ela também. Passou por vários jornais e rádios, adaptou peças de teatro e foi premiado pela qualidade de todo o seu trabalho.

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Fotografia de João Paulo Guerra
Fotografia via Facebook

Antigo radialista da TSF, o jornalista João Paulo Guerra foi repórter e editor da TSF durante vários anos. Faleceu este domingo com 82 anos.

Fez jornalismo em imprensa, televisão e rádio, tendo sido este último o seu meio predileto. Fez carreira passando pela Rádio Renascença, pelo Rádio Clube Português, pela Rádio Nacional de Angola e pela TSF, tendo ainda fundado a Telefonia de Lisboa. Participou também em cursos de formação profissional para a rádio.

Publicou vários livros, debruçando-se sobre o colonialismo português, as lutas de libertação e o processo de descolonização, dos quais se destacam “Memórias das Guerras Coloniais”, “Savimbi – Vida e Morte” e “Descolonização Portuguesa – o regresso das caravelas”.

Nasceu a 16 de abril de 1942 e iniciou a carreira de jornalista aos 20 anos. Interrompeu a carreira para prestar serviço militar em Moçambique. Editou e publicou vários programas de rádio, suplementos de imprensa. No teatro, adaptou “Claraboia” de José Saramago para A Barraca, onde foi interpretada pela sua irmã, Maria do Céu Guerra.

Ganhou uma dezena de prémios pelo seu trabalho jornalístico. Desde o prémio de Rádio da Casa de Imprensa, ao Prémio Nacional de Reportagem, passando pelo Prémio Gazeta, foi reconhecido pela qualidade do seu trabalho e pela sua dedicação.

Debruçou-se muito sobre a guerra colonial e a relação de Portugal com o colonialismo. Em 2016, disse em entrevista ao Esquerda, por ocasião do lançamento do seu livro “Corações Irritáveis”, que a guerra colonial foi "o acontecimento mais importante da segunda metade do século XX em Portugal, para Portugal. A guerra e, depois, o fim da guerra. Com a consequência de o fim da guerra ter trazido consigo a democracia. Para acabar com a guerra, foi preciso implantar a democracia em Portugal."