Pedro Casaldáliga, bispo de São Félix do Araguaia, morreu este sábado, 8 de agosto, com 92 anos, vitimado por uma embolia pulmonar. Além da avançada idade, o bispo tinha a doença de Parkinson. O velório começou este sábado, na cidade de Batatais, depois seguirá no dia 10 de agosto para Mato Grosso e posteriormente para São Félix do Araguaia, onde será sepultado.
Pedro Casaldáliga, que não gostava do uso de Dom1, nasceu em Barcelona e desembarcou no Brasil em 1968, em plena ditadura militar. Foi consagrado bispo em 1971.
Segundo o Brasil de Fato2, lançou a Carta Pastoral por uma Igreja da Amazónia, também em 1971, documento conhecido nacional e internacionalmente e que marcou o seu percurso.
De acordo com o Instituto Humanitas Unisinos3, a carta constitui a primeira denúncia mundial da situação da Amazónia, sendo um documento de defesa dos povos indígenas e de luta contra a marginalização social.
Pedro Casaldáliga foi também um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidades que têm desde então atuado na defesa dos indígenas, das comunidades tradicionais e dos trabalhadores do campo.
Em artigo assinado por José Carlos Ruy4 do PC do B, assinala-se: “Uma vida dedicada aos humildes, à luta pela justiça, ao combate à desigualdade social, contra a opressão. Há mais de 50 anos (em 1968), ele se mudou para a Amazônia, onde lutou contra o latifúndio e o roubo de terras de índios, camponeses, ribeirinhos – o povo pobre do qual foi o grande defensor”.
Também o PSOL, em nota5 assinada pelo seu presidente nacional, Juliano Medeiros, manifesta o pesar pelo falecimento e sublinha: “Defensor da reforma agrária e da justiça social, há cinco décadas ele vivia e se dedicava àquela região, se tornando um ícone da luta pelos direitos dos camponeses, trabalhadores sem terra e povos indígenas. Também teve atuação fundamental no movimento pela redemocratização do país e na luta contra a Ditadura Militar. Para garantir dignidade à vida dos outros, ele arriscou a sua própria em diversas situações. Sua perda é inestimável e fará enorme falta”.
Guilherme Boulos destacou no twitter: “A morte de Pedro Casaldáliga deixa um vazio na luta contra o autoritarismo, tão fundamental neste momento,”
A morte de Pedro Casaldáliga deixa um vazio na luta contra o autoritarismo, tão fundamental neste momento. Ele inspirou e indicou caminhos pra toda uma geração de religiosos comprometida com a cidadania, justiça social e democracia.
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) August 8, 2020
O Diário de Notícias, em artigo assinado por César Avó, recorda que Pedro Casaldáliga foi um dos protagonistas da Teologia de Libertação, que foi preso e ameaçado de morte.
A notícia refere igualmente as homenagens de Lula e Dilma Rousseff (ver tweet abaixo).
É com muita tristeza que recebo a notícia da morte de Dom Pedro Casaldáliga. Toda sua vida foi de luta por Justiça Social e em defesa dos mais humildes. Um homem de fé e de perseverança. Um homem de esperança em meio à injustiça que envergonha a todos que lutam por dias melhores. pic.twitter.com/z11Y2d8law
— Dilma Rousseff (@dilmabr) August 8, 2020
Notas:
2 https://www.brasildefato.com.br/2020/08/08/morre-dom-pedro-casaldaliga-bispo-que-dedicou-a-vida-em-defesa-do-povo-brasileiro