O semanário Expresso revelou esta sexta-feira que o grupo Solverde paga mensalmente 4.500 euros à Spinumviva, a empresa familiar do primeiro-ministro Luís Montenegro, por “serviços especializados de compliance e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais”.
Este grupo é um dos gigantes do jogo em Portugal, com um volume de negócios em 2013 de quase 150 milhões de euros, detendo atualmente quatro hotéis e a concessão do jogo online e em cinco casinos. Dois deles, em Espinho e no Algarve, verão terminar a concessão no final deste ano e uma eventual renovação será negociada e decidida pelo executivo liderado por Luís Montenegro. O atual primeiro-ministro foi o representante da Solverde nas negociações com o Estado entre 2018 e 2022.
Luís Montenegro anunciou esta sexta-feira que irá reunir o Conselho de Ministros e falar ao país numa comunicação agendada para este sábado às 20h. Para a coordenadora bloquista Mariana Mortágua, essa será a última oportunidade que o primeiro-ministro terá para “evitar que o Parlamento tome nas suas mãos este assunto”.
O Bloco de Esquerda entende que é preciso saber quem são os clientes da empresa Spinumviva, que tipo de serviços foram prestados, a data da prestação desses serviços e as remunerações pagas por eles, pois “um primeiro-ministro não pode viver com este tipo de suspeitas”.
“Ou o primeiro-ministro está disposto a esclarecer todas estas informações, ou tem de estar disposto a aceitar as consequências da sua opacidade e falta de transparência”, concluiu a coordenadora bloquista, afirmando que o Bloco não deixará de usar todos os instrumentos à sua disposição, não afastando a hipótese de recorrer a uma comissão de inquérito caso aqueles esclarecimentos não sejam dados ao país no sábado à noite.