Segurança Social

Montenegro escolheu secretária de Estado que defende fundos privados nas pensões

14 de fevereiro 2025 - 13:20

Nova secretária de Estado da Segurança Social defende maior papel dos fundos de pensões e sociedades de seguros nas reformas dos portugueses.

PARTILHAR
Filipa Lima
Filipa Lima, à esquerda. Fotografia de José Sena Goulão/Lusa

A escolha de Luís Montenegro para nova secretária de Estado da Segurança Social defende que é importante diversificar as fontes de provisão de pensões para que “os fundos de pensões privados desempenhem um papel mais importante na garantia de um rendimento de reforma adequado”. Filipa Lima, diretora-adjunta do Departamento de Sistemas e Tecnologias de Informação do Banco de Portugal, doutorada em Economia e professora auxiliar convidada na NOVA SBE produziu um paper onde defende mesmo isso, avança a Sábado.

Em vez de se posicionar pela manutenção da Segurança Social e do reforço dos seus mecanismos para chegar a toda a gente, Filipa Lima prevê no paper que os regimes de Segurança Social se tornem “inadequados”, “levando famílias a procurar alternativas para complementar o seu rendimento após a reforma”. Essa alternativa está, segundo a agora secretária de Estado, nas sociedades de seguros e fundos de pensões.

“As sociedades de seguros e fundos de pensões manterão um papel central para os ativos que detêm e gerem, o que as torna atores importantes como investidores institucionais nos mercados financeiros e, por conseguinte, o seu comportamento deve ser acompanhado tanto para efeitos de estabilidade financeira como de análise macro-prudencial”, lê-se no paper intitulado Sociedades de seguros e fundos de pensões: avaliando as dinâmicas dos seus ativos e riscos.

A posição da nova governante bate certo com o caminho que o governo da Aliança Democrática tem trilhado no sentido de privatizar as reformas. O governo criou um grupo de trabalho para propor medidas que garantam a sustentabilidade da Segurança Social, mas colocou à frente do grupo Jorge Bravo, um defensor público da abertura a regimes complementares por iniciativa das empresas a troco de benefícios fiscais.

Jorge Bravo tem assinado estudos e artigos que procuram enquadrar a Segurança Social como insustentável, para abrir vaga ao mercado privado de fundos de pensões. Foi consultor das grandes seguradoras nas áreas de gestão de risco e sistema de pensões e a sua escolha foi aplaudida pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios. Essa mesma associação tinha atribuído a Bravo o galardão de “Personalidade do Ano” em 2023.