O primeiro-ministro Luís Montenegro pensa que o aumento de casos de violência doméstica no país se deve não a um “aumento real” mas ao facto de haver mais denúncias. Disse-o na sessão de encerramento da conferência "Combate à violência contra mulheres e violência doméstica", na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais.
Em reação a este comentário, Mariana Mortágua destacou no X que “Montenegro, que ordena operações para aumentar a “percepção” de segurança, tem a “percepção” de que a violência contra mulheres não aumentou (apenas as queixas)”. Para ela, “menos percepções e mais factos aconselhariam o PM a levar mais a sério o maior problema de segurança interna – este”.
Montenegro, que ordena operações para aumentar a “percepção” de segurança, tem a “percepção” de que a violência contra mulheres não aumentou (apenas as queixas). Menos percepções e mais factos aconselhariam o PM a levar mais a sério o maior problema de segurança interna - este.
— mariana mortágua (@MRMortagua) November 25, 2024
Já antes, a deputada Joana Mortágua tinha escrito sobre as mesmas declarações que se o primeiro-ministro “se preocupasse mais com os números e menos com as perceções que agradam à extrema direita, percebia que o maior e mais profundo fator de crime violento em Portugal é o machismo e não a imigração ou a pertença étnico-racial das comunidades”.
Se o PM se preocupasse mais com os números e menos com as perceções que agradam à extrema direita, percebia que o maior e mais profundo fator de crime violento em Portugal é o machismo e não a imigração ou a pertença étnico-racial das comunidades.
— Joana Mortágua 🏳️🌈🏳️⚧️ (@JoanaMortagua) November 25, 2024
Feminismo
Um "rugido ensurdecedor do amor" moveu a marcha pelo fim da violência contra as mulheres
O Bloco de Esquerda marcou presença na Marcha pelo Fim da Violência contra as Mulheres, em Lisboa, esta segunda-feira, onde tinha já assinalado que este é o “maior problema de segurança interna que está está a matar centenas de mulheres em números que continuam a crescer”.
Nas suas declarações aos jornalistas nessa ocasião, Mariana Mortágua vincou que “o Bloco tem uma proposta para reforçar o meio da Justiça, de unidades especiais que existem junto com o Ministério Público para fazer estas investigações, para que nenhuma mulher morra porque a Justiça demorou demasiado tempo a agir”.
Ciente de que a crise de habitação “é hoje um impedimento a que muitas mulheres consigam autonomizar-se e sair de casa em cenários de violência”, o partido pretende que seja criado um apoio estatal para facilitar a saída de casa e que se garanta a segurança das vítimas de violência doméstica que, por exemplo, “têm os filhos a seu cargo” e não pretendam sair de casa.
Outras medidas preconizadas pelo Bloco nesta ocasião foram uma maior estabilidade nos apoios do Estado às associações que prestam apoio às vítimas de violência doméstica e fazer dos crimes sexuais crimes públicos.