Mitigação, financiamento e transparência essenciais num acordo climático

11 de dezembro 2015 - 23:15

Pedro Soares, deputado do Bloco, esteve na Cimeira do Clima em Paris, e definiu os três pontos essenciais para um acordo justo e que possa salvar o clima. O vídeo da entrevista pode ser visto em baixo.

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Foto de Oxfam International/Flickr. Ação da Oxfam na Cimeira do Clima de Durban.

Pedro Soares esteve presente na Cimeira do Clima em Paris, e, em entrevista ao esquerda.net, afirmou sua esperança num acordo com três ideias principais: mitigação, financiamento e transparência. Sem estes pontos, qualquer acordo alcançado não defenderá a justiça climática e dificilmente conseguirá salvar o clima. O deputado bloquista apelou ainda à participação nas manifestações que estão marcadas para sábado às 15h em Lisboa e no Porto.

A mitigação significa, nas palavras do dirigente bloquista, “um caminho para a descarbonização da economia, e da nossa sociedade, substituindo a utilização desregrada dos combustíveis de origem fóssil, por energia de origem renovável”. O objetivo da mitigação é conseguir que o aumento da temperatura global não chegue aos 2º C, nem mesmo aos 1,5º C. O limite dos 1,5º C está a ser defendido em países nas “regiões que estão a ser mais afetadas pelos efeitos das alterações climáticas. E para isso, é necessário diminuir drasticamente a emissão de gases com efeito estufa, essas metas significarão uma diminuição dos gases com efeito estufa entre 40 a 70% nos próximos anos”, acrescentou Pedro Soares.

A mitigação da emissões tem de ser acompanhada por justiça climática, afirmou Pedro Soares. Justiça climática implica que os países mais ricos, historicamente responsáveis pela maior parte das emissões de gases com efeito estufa e pela extração de recursos naturais dos países mais pobres, sejam os principais responsáveis pela redução das emissões.

Em relação ao segundo ponto, o financiamento é importante porque o processo de mitigação tem custos elevados, “sobretudo ao nível da procura de uma alteração tecnológica que permita que, mantendo níveis de bem estar social e níveis de crescimento económico razoáveis, não impliquem aumento da emissão de gases com efeito estufa” afirma o dirigente bloquista. O financiamento foi calculado com base na “transferência da tecnologia dos países mais desenvolvidos para os países menos desenvolvidos, que se calcula que até 2020 possa alcançar cerca de 100 mil milhões de euros por ano”, especificou Pedro Soares. Este financiamento tem de ser conseguido através de doações por parte dos países mais ricos para os países em desenvolvimento, afirmou o deputado.

Sobre a transparência, Pedro Soares explicou que o processo “tem de ser feito com capacidade de monitorização, controlo, e, inclusivamente, adaptação a novas metas em função da evolução do processo de descarbonização da economia. E isso precisa de mecanismos que coloquem com toda a clareza a possibilidade de alcançar essas metas e a efetivação das mesmas”. Finalmente, para que os  três pontos fundamentais funcionem, é necessário que o acordo seja “juridicamente vinculativo”, sublinhou Pedro Soares.

Pedro Soares concluiu apelando à participação nas manifestações de sábado em Lisboa e no Porto, “porque sabemos que os interesses que estão em causa são muito fortes, é que será fundamental termos uma manifestação muito forte da cidadania, com a participação das populações, dos povos e dos países”. A cimeira foi prolongada até amanhã, quando o acordo será tornado público.