Durante a cimeira de "emergência", convocada há mais de duas semanas, para discutir a situação dos refugiados, que teve lugar esta segunda-feira em Bruxelas, ninguém criticou a decisão da Alemanha de suspender o acordo de Schengen de livre circulação, fechando a fronteira com a Áustria e suspendendo também o tráfego ferroviário entre os dois países.
Muitos países já assinalaram, inclusive, que poderão seguir os passos de Angela Merkel.
Se a Holanda retomou as inspecções aleatórias nas regiões fronteiriças, a primeira-ministra da Polónia, Ewa Kopacz, garantiu que não hesitará em fechar as fronteiras caso sejam detetadas "ameaças externas" à segurança nacional.
Também o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, apontou que Paris poderá seguir o exemplo alemão se se prolongar o impasse em Bruxelas.
Também não se ouviram críticas relativamente às medidas anunciadas pela República Checa para aumentar o controlo da fronteira com a Áustria ou as medidas já implementadas pela Hungria, que terminou a construção de um novo muro de 4 metros de altura nos 175 quilómetros da extensão da fronteira, e implementou uma nova legislação que criminaliza com penas de cadeia quem atravesse a fronteira sem autorização ou visto de passagem.
Governos falam em rejeitar asilo a milhares de refugiados
Longe de chegar a um consenso sobre como responder à situação dramática dos milhares de pessoas que já fizeram a viagem, incluindo 100 mil crianças, das quais mais de 10 mil cruzaram as fronteiras sem qualquer acompanhante, os ministros europeus discutiram, segundo avança o Guardian, a possibilidade de rejeitar a concessão do direito de asilo a milhares de refugiados.
Para tal, os governos disponibilizam-se para financiar a ampliação dos campos de refugiados em Itália e Grécia e a construção de novos campos em África e noutras regiões fora do espaço comunitário. Nestes espaços ficarão detidos os migrantes identificados como “irregulares".
Durante a cimeira nem sequer foi discutida a proposta da Comissão Europeia de realocação de 160 mil requerentes de asilo político, tendo a discussão sido atirada para outubro. O Conselho de ministros europeus deu apenas verde ao mecanismo temporário para recolocar 40 mil pessoas (meta que já tinha sido delineada em julho), das quais apenas 1309 serão encaminhadas para Portugal.
Apesar da total ausência de resposta à situação dos refugiados, a ministra da Administração Interna portuguesa, Anabela Rodrigues, rejeitou que se esteja a assistir a mais um falhanço da UE, considerando que a União Europeia "está a dar passos seguros, firmes", e a "caminhar no sentido de encontrar a melhor solução".