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Ministros da Indústria da UE recuam no combate a emissões poluentes de veículos

A Comissão Europeia apresentou o “Euro 7”, uma proposta para alteração de regulamentações sobre emissões poluentes de veículos em novembro. Desde então, a indústria automóvel apoiada por oito governos tem pressionado para abrandar e atrasar estas regras. Esta segunda-feira, os ministros da Indústria europeus cederam.
Poluição automóvel. Foto de Simone Ramella/Flickr.
Poluição automóvel. Foto de Simone Ramella/Flickr.

Os ministros da Indústria da União Europeia chegaram esta segunda-feira a um acordo para voltar atrás em vários aspetos de uma proposta da Comissão Europeia sobre emissões poluentes de veículos.

Em causa está a proposta de regulamentações conhecida como “Euro 7” e que foi apresentada em novembro passado. Para além da indústria automóvel, os governos de França, Itália, República Checa, Bulgária, Hungria, Polónia, Roménia e Eslováquia fizeram pressão para enfraquecer as regras propostas, alegando que novos limites para substâncias poluentes - como os óxidos nitrosos em motores de combustão - perturbariam os esforços do investimento em veículos elétricos numa altura de transição, já que a partir de 2035 estará proibida a venda de veículos a gasóleo e gasolina. Ou seja, a indústria automóvel argumentava que seria obrigada a investir milhares de milhões em “melhorias marginais” nos motores a combustão, condenados a médio prazo, e que isso desviaria esforços de investimento nos veículos elétricos.

Desta forma, a entrada em vigor das medidas do “Euro 7” será adiada em dois anos, passando a ser até 2027 no caso dos veículos ligeiros e até 2029 no caso dos veículos pesados. Haverá novos limites de emissões de partículas para travões e pneus mas as condições de teste e limites de emissões gerais existentes para automóveis e carrinhas mantêm-se, embora os limites sejam rebaixados para autocarros e veículos pesados, sofrendo as condições de teste destes veículos “ajustes mínimos”.

Depois deste acordo dos governos europeus, as propostas voltarão a ser debatidas pelo Parlamento Europeu e pela Comissão Europeia na tentativa de chegar a um compromisso final.

Em declarações citadas pela Reuters, o ministro italiano da Indústria, Adolfo Urso, congratulou-se com a decisão e deixou claro de que lado está, afirmando que “a nova regulamentação, a pedido italiano, permite salvaguardar a cadeia de abastecimento automóvel dos fabricantes de pequenos volumes, a alta gama típica da produção italiana como a Ferrari, a Lamborghini, a Maserati, símbolos do ‘Made in Italy’ que produzem cerca de 50.000 carros por ano”.

Alguns governos europeus opuseram-se, segundo o El Diário. O governo alemão fez saber que “a ambição” deste acordo “fica abaixo dos avanços tecnológicos” e o adiamento é “pouco justificado". O governo dinamarquês, que votou contra, manifestou “deceção” porque assim “os carros com combustíveis fósseis vão continuar a contaminar as nossas estradas durante décadas. O “Euro 7” é agora uma oportunidade perdida. Faltam benefícios para a saúde. O tráfego contribui significativamente para a contaminação do ar, o que se traduz em 300.000 mortes prematuras por ano”.

A mesma fonte dá conta que a ACEA, Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis, apoia o acordo considerando-o como “sensato” e “um passo na boa direção”, apesar de continuar a dizer que há custos que continuam muito elevados, “exigindo enormes investimentos adicionais da nossa indústria, numa altura em que esta está a investir todos os seus recursos na descarbonização”. Ainda assim, “supõe uma melhoria face à proposta do “Euro 7” da Comissão Europeia que era totalmente desproporcionada e gerava custos elevados para a indústria e consumidores, com benefícios ambientais limitados”, nas palavras de Sigrid de Vries, diretora-geral da organização.

Termos relacionados União Europeia, Ambiente
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