O ministro da Educação, Ciência e Inovação admitiu esta sexta-feira, à margem de um seminário em Braga, que o ano letivo vai arrancar com “milhares de alunos sem aulas”. Não disponibilizando o número concreto de alunos que terão o seu percurso educativo prejudicado pela falta de professores, Fernando Alexandre acusou o anterior governo de não ter resolvido o problema e de tê-lo agravado.
“Continuamos a ter milhares de alunos sem aulas e estamos a tomar medidas que, antecipando os problemas que tínhamos, começámos a preparar logo em Junho. Ontem anunciámos mais uma medida e na próxima semana haverá mais medidas”, disse aos jornalistas.
Apesar de as medidas do governo não terem conseguido resolver o problema de falta de professores, o ministro considerou que “não é aceitável que em 2024 haja milhares de alunos sem aulas em Portugal”.
O movimento Missão Escola Pública avança que o ano letivo, que arranca no dia 12 de setembro, começará com perto de 200 mil alunos sem pelo menos um professor. O atual governo insistiu em tentar resolver a situação ao trazer professores aposentados de volta ao ativo, e o ministro adiantou que há “umas centenas” de professores que já “manifestaram interesse” nesse mecanismo, segundo o jornal Público.
No entanto, Fernando Alexandre reconheceu que a falta de professores no ensino público se deve ao facto de a carreira de professor ter sido desvalorizada, e que isso levou milhares de professores a desistir da carreira. O governo afirmou então a vontade de começar a rever a carreira de professor em outubro, mas ainda sem detalhes concretos.
As mobilizações e greves dos professores intensificaram-se no final de 2022 contra a inação do governo socialista e a desvalorização social e material da sua carreira. Desde a tomada de posse do novo governo que as soluções têm passado por contratar professores aposentados em vez de valorizar as carreiras docentes.