A ministra da Saúde prestou informação falsa os deputados na sexta-feira sobre o caso da morte de uma mulher guineense de 38 anos que morreu a caminho do hospital Amadora Sintra na madrugada de sexta-feira. "Era uma grávida que não teve acompanhamento até à data em que entrou no Hospital Amadora-Sintra já com 38 semanas de gravidez”, disse Ana Paula Martins, sugerindo que Umo Cani seria mais um caso do grupo que descrevera anteriormente, de grávidas que vêm a Portugal apenas para fazer o parto, “grávidas que nunca foram seguidas durante a gravidez, que não têm médico de família, grávidas recém-chegadas a Portugal, com gravidezes adiantadas, que não têm dinheiro para ir ao privado, grávidas que algumas vezes nem falam português, que não foram preparadas para chamar o socorro, por vezes nem telemóvel têm”.
A família de Umo Cani, cujo bebé nasceu de cesariana e viria a morrer no dia seguinte, reagiu com indignação às palavras da ministra. Segundo o jornal Público, Umo residia em Portugal há mais de um ano, era acompanhada desde julho no centro de saúde de Agualva, ali realizou a ecografia do segundo trimestre de gravidez em agosto, quando foi referenciada para ser acompanhada no Amadora-Sintra por “elevado risco obstétrico" e por ser aí que o parto se realizaria. Foi já no Amadora Sintra que teve uma consulta em setembro e outra na semana passada, às 38 semanas de gravidez, tendo sido detetada “uma hipertensão ligeiramente alta”. O diretor do serviço de obstetrícia diz que os exames posteriores descartaram complicações da gravidez, pelo que a grávida foi mandada para casa.
O Conselho de Administração da ULS Amadora Sintra já veio assumir responsabilidade pela informação errada, atribuindo culpas “à inexistência de um sistema de informação clínica plenamente integrado, que permita a partilha automática de dados e registos médicos entre os diferentes serviços e unidades da ULS Amadora-Sintra”. Ou seja, mesmo sem ter a certeza de que a grávida não estaria a ser acompanhada num centro de saúde, foi essa a informação que transmitiu num primeiro comunicado, apenas corrigido porque a família de Umo Cani veio a público desmentir a narrativa criada pela ministra. Esta segunda-feira, a SIC-Notícias noticia que o presidente da ULS Amadora-Sintra apresentou a demissão, que foi aceite pela ministra.