Milhares desafiaram temporal para contestar celulose da Altri na Galiza

22 de março 2025 - 13:31

Milhares de pessoas e mais de 500 barcos desafiaram a chuva e o vento da manhã de sábado na Póvoa do Caraminhal, perto da Corunha. Foi o primeiro protesto após o governo galego ter dado luz verde ao estudo ambiental para instalar a megacelulose junto à nascente do rio Ulla.

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Manifestação este sábado contra os projetos da celulose da Altri e das minas
Manifestação este sábado contra os projetos da celulose da Altri e das minas. Foto Greenpeace Galicia

O movimento de contestação à megacelulose da empresa portuguesa Altri em Palas de Rei, perto de Lugo, não pára de crescer. Depois das grandes manifestações dos últimos meses em cidades galegas, agora o protesto juntou-se no município costeiro Póvoa do Caraminhal, perto da Corunha, sob chuva constante e rajadas de vento forte na manhã de sábado.

Os organizadores falam em dezenas de milhares de pessoas em terra e 500 barcos no mar em apoio do primeiro protesto desde que o Governo liderado pelo PP galego decidiu aprovar o estudo ambiental da celulose projetada para a nascente do rio Ulla, que desemboca na Ria de Arousa. A mobilização superou em muito as expetativas da organização e o mar de guarda-chuvas dos presentes fez lembrar a manifestação “Nunca Mais” de dezembro de 2002, após a tragédia ambiental do derrame do petroleiro Prestige.

Pela Plataforma en Defensa da Ría de Arousa falou Xaquín Rubido para pedir a demissão dos membros do Governo autonómico responsáveis pelas pastas do Mar, Economia e Meio Ambiente e considerar “uma ruína para a Galiza” os projetos da celulose e também os das minas de Touro e O Pino, “dois projetos claramente contaminantes e que hipotecam o futuro do río Ulla e da ría de Arousa" e por isso igualmente contestados nesta manifestação.

Também citada pelo Praza.gal, a Presidente da Plataforma Ulloa Viva, Pilar Naveira, diz que apesar da decisão do Governo tornar quase certo que a Altri vai obter licença administrativa para o projeto,  “o que é 100% seguro é que não tem licença social”.

Uma estreia nestes protestos contra a celulose foi a do líder do PS galego, José Besteiro, referindo-se ao projeto como uma “grande mentira”. Por seu lado, Ana Pontón, porta-voz do Bloco Nacionalista Galego, voltou a marcar presença e apelou ao presidente da Xunta, Alfonso Rueda, que ouça “o clamor social” contra a Altri.