Miguel Cardina: "2024 não é 2015" e as mudanças à esquerda exigem mobilização

17 de fevereiro 2024 - 23:42

No jantar-comício do Bloco em Coimbra, o historiador e cabeça de lista pelo distrito defendeu que é "confrontando o PS com as suas limitações que podemos avançar". A jurista e ativista Mariana Rodrigues, segunda candidata bloquista, apontou os baixos salários e o "sufoco das rendas" como os grandes incentivos da maioria absoluta à emigração da sua geração.

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Miguel Cardina no jantar-comício deste sábado em Coimbra. Foto de Alexandre Carvalho

No seu discurso no jantar-comício deste sábado em Coimbra, o historiador e candidato bloquista Miguel Cardina começou por lembrar os entendimentos à esquerda que resultaram da necessidade de travar o "programa de regressão e empobrecimento" levado a cabo pela direita. "A geringonça é fruto disso e é hoje a experiência política com maior taxa de aprovação popular. Mas 2024 não é 2015", avisou.

Agora, "trata-se de avançar diante do bloqueio e da instabilidade trazida pela maioria absoluta", respondendo pelos serviços públicos na saúde e educação, pelas cidades em que se possa morar, pelo combate à pobreza e aos baixos salários, pela resposta à crise climática.

Mas isso não impede que se tirem "ensinamentos" da eleição de 2015, como o de que "as eleições legislativas não servem para eleger primeiros-ministros", mas para determinar quem são os 230 deputados. Outra lição é que "as mudanças à esquerda se fazem com mobilização, diálogo e compromisso" e que "ontem como hoje, é confrontando o PS com as suas limitações que podemos avançar", pois em 2015 "foi apesar do programa do PS que foi possível recuperar direitos e rendimentos".

O terceiro ensinamento de 2015 é que os programas "só se concretizam se tivermos força política para tal", pelo que não basta ter boas ideias, sendo necessário "congregar vontades coletivas" em torno delas, o que espera conseguir nesta campanha eleitoral.

"Cumprimo-nos quando conjugamos ideias fortes e vontades coletivas. Não nos espera menos do que isto daqui até ao próximo dia 10 de março", concluiu Miguel Cardina.

Jantar-comício do Bloco em Coimbra Jantar-comício do Bloco em Coimbra. Foto de Alexandre Carvalho

 

Mariana Rodrigues: "Crise da habitação violenta, em particular, quem se vê desprovido de uma rede de apoio"

A segunda candidata na lista do Bloco por Coimbra, Mariana Rodrigues, também interveio neste jantar comício. A jurista e ativista pelo direito à habitação disse pertencer a uma geração "para a qual um país sem o Bloco de Esquerda é apenas uma memória herdada de alguém", a geração que ainda era criança em 2007, "quando as feministas aqui presentes, e tantas outras, fizeram o dito-impossível realidade" e permitiram a essa geração crescer sem "a assombração da perseguição judicial ou o medo constante de morrer à mão de um aborto clandestino". E que já na pré-adolescência assistiu, "pela mão do Bloco" ao país a avançar nos direitos LGBT.

"Hoje, não nos esquecemos que a crise da habitação violenta, em particular, quem se vê desprovido de uma rede de apoio", como as pessoas LGBT e em especial as pessoas trans jovens, que "são as que têm maior risco de ser expulsas da sua casa". Mariana Rodrigues lembrou que "além de propostas corajosas que combatam a especulação imobiliária, baixem as rendas e baixem os juros da habitação, o Bloco quer criar também um projeto nacional para pessoas trans em situação de sem abrigo, porque nunca deixará ninguém para trás".

Mariana Rodrigues no jantar-comício do Bloco. Mariana Rodrigues no jantar-comício do Bloco. Foto Alexandre Carvalho

Lembrou em seguida que hoje em dia, as políticas da maioria absoluta voltaram a empurrar esta geração para a emigração. "Querem-nos convencer que saímos por causa do peso do Estado e dos impostos, mas nós sabemos que é a perpetuação de políticas de baixos salários, onde 10% dos trabalhadores estão numa situação de pobreza, uma economia assente em setores de baixo valor acrescentado, e um sufoco pelos preços da renda e da casa que nos fazem abandonar", prosseguiu a candidata, concluindo que é com o Bloco, "um partido sem senhores nem feudos, que acarinha e cuida da diferença e que está ao lado de quem precisa", que esta geração pode conquistar o aumento de salários, a redução do horário de trabalho, mais qualidade nos serviços públicos, igualdade e justiça climática.

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