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Memórias: Rosa Parks

No dia 24 de outubro de 2005, faleceu a ativista negra norte-americana Rosa Parks. Em 1955, Parks recusou ceder o seu lugar no autocarro a um branco, despoletando o movimento que viria a marcar o início da luta anti-segregacionista nos EUA. Por António José André.

No dia 24 de otubro de 2005, faleceu Rosa Parks. Foi uma ativsita negra norte-americana. Ficou famosa, no dia 1 de dezembro de 1955, por se recusar a ceder o seu lugar no autocarro a um branco. Esse facto despoletou o movimento "Boicote aos Autocarros de Montgomery", que viria a marcar o início da luta anti-segregacionista nos EUA. Por António José André

No dia 4 de fevereiro de 1913, nasceu Rosa McCauley (conhecida como Rosa Parks), no Estado do Alabama (EUA). De família humilde, desde cedo teve que deixar de estudar e trabalhar como costureira para ajudar a família.

Em 1932, casou-se com Raymond Parks, que era ativista da NAACP (National Association for the Advancement of Colored People), organização norte-americana que sempre lutou pelos direitos civis dos negros nos EUA.

Rosa tornou-se militante da NAACP, ajudando nas ações da organização e incentivando outras pessoas a lutar pela mesma causa. Assim como todos os negros que viviam nos estados do sul dos EUA, Rosa era obrigada a conviver com as consequências das leis que segregavam a sociedade.

O dia 1 de dezembro de 1955 iria mudar a vida de Rosa Parks. Todos os autocarros do Alabama cumpriam as regras ditadas pelo Estado: brancos sentados nos bancos da frente; negros nos bancos de trás. Nesse dia, Rosa entrou no autocarro e sentou-se no lugar que devia, por lei: na parte de trás.

Durante o trajeto, o autocarro encheu de tal forma que não havia mais lugares disponíveis. Entretanto, entrou um passageiro branco e exigiu que Rosa Parks cedesse o lugar para ele se sentar. Mas ela recusou-se.

Foi ameaçada de prisão, mas manteve-se calada, corajosamente sentada no seu lugar, apesar dos insultos racistas e das agressões físicas e verbais das quais foi vítima. A polícia foi chamada e Rosa foi levada para a esquadra.

Rosa Parks foi presa. Depois de pagar uma fiança de 15 dólares (hoje, equivalente a 500 dólares), foi libertada e recebeu de Martin Luther King o incentivo para que prosseguisse na luta pela igualdade dos direitos civis.

Desde o fim da Guerra Civil (1860-1864), o sul dos EUA mantinha um espírito racista e segregacionista fortemente enraizado. O incidente de Rosa Parks detonou uma revolta latente, mas contida pelo peso do medo.

Foi lançada a campanha "Boicote aos Autocarros de Montgomery", que teve impacto e deu proeminência nacional a Martin Luther King, como defensor dos direitos civis. As manifestações de Montgomery desenharam o modelo que as futuras ações não-violentas do movimento negro adotariam.

Em 13 de novembro de 1956, o Supremo Tribunal dos EUA declarou as leis segregacionistas de Montgomery como ilegais e inconstitucionais. A partir daí 1956, Rosa já se poderia sentar nos bancos da frente do autocarro.

Depois daquele episódio, Rosa foi afastada do emprego e impossibilitada de arranjar outro. Em 1957, ela e o marido tiveram que se mudar para Detroit, devido às constantes ameaças de morte que os dois sofriam. Mesmo assim, não deixaram de lutar pelos direitos civis.

Em 1964, o movimento cívico obteve uma vitória, quando o Congresso norte-americano aprovou a Lei de Direitos Civis, que garantia, entre outros, o direito de acesso, sem distinção de cor, a todos os serviços públicos do país.

Em 1996, Rosa recebeu do presidente Bill Clinton a Medalha Presidencial da Liberdade. Em 1999, recebeu do Congresso norte-americano a Medalha de Ouro. Rosa Parks faleceu, no dia 24 de outubro de 2005, com 92 anos.

Três dias depois, o Senado norte-americano aprovou uma resolução em sua homenagem, permitindo que os seus restos mortais fossem enterrados na Rotunda do Capitólio (Washington).

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