Memórias: Jean Genet

15 de abril 2021 - 19:06

O escritor e dramaturgo francês morreu a 15 de abril de 1986. Criou uma mitologia pessoal marcada por escândalos. A sua prosa caracteriza-se pelo uso da linguagem do "bas fond". Empenhou-se na defesa dos trabalhadores imigrantes em França e na causa dos palestinianos. Por António José André.

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Jean Genet, 1983, wikipedia – com Dr. Hans Koechler, Presidente da I.P.O., recebendo o escritor francês no Imperial Hotel em Viena (19 de dezembro de 1983) para uma palestra organizada pela International Progress Organization. A foto foi cortada apenas para Jean Genet.
Jean Genet, 1983, wikipedia – com Dr. Hans Koechler, Presidente da I.P.O., recebendo o escritor francês no Imperial Hotel em Viena (19 de dezembro de 1983) para uma palestra organizada pela International Progress Organization. A foto foi cortada apenas para Jean Genet.

Jean Genet nasceu a 19 de dezembro de 1910, em París. A sua mãe era prostituta e entregou-o à assistência social. Aos 8 anos, foi adotado por um casal de camponeses de Morvan (centro de França).

Ali permaneceu até aos 10 anos, quando foi acusado de roubo e enviado para o reformatório de Mettary. Em 1930, alistou-se na Legião Estrangeira, que o levou à Síria. Desertou 5 anos depois.

Jean Genet começou um longo caminho errante pelos bairros pobres de várias cidades europeias. Em 1947, foi condenado a prisão perpétua.

Durante a sua permanência na prisão, escreveu e publicou vários livros. O seu prestigio literário moveu um grupo de autores franceses, que pediu a sua libertação. Em 1948, foi-lhe concedida pelo presidente francês.

Jean Genet criou uma mitologia pessoal marcada por escândalos. Colecionou amantes, que o acompanharam no "bas fond" parisiense e conquistou a nata da intelectualidade europeia.

Os seus primeiros trabalhos, "Nossa Senhora das Flores" e "O Milagre da Rosa", chamaram a atenção de Jean Cocteau, mas foi através da influência de Jean Paul Sartre que ficou famoso. A sua prosa carateriza-se pelo uso da linguagem do "bas fond".

Jean Genet foi amigo dos filósofos Jacques Derrida e Michel Foucault, dos escritores Juan Goytisolo e Alberto Moravia, dos compositores Igor Stravinski e Pierre Boulez, dos pintores Leonor Fini e Christian Bérad…

A partir dos anos 1970, Jean Genet empenhou-se na defesa dos trabalhadores imigrantes em França, na causa dos palestinianos e dos movimentos norte-americanos "Panteras Negras" e "Beatniks". Publicou as suas memórias no livro "Diário de um Ladrão", onde narrou as suas aventuras e as suas paixões.

Jean Genet faleceu a 15 de abril de 1986, num hotel parisiense que era a sua residência habitual. Padecia de cancro de garganta.

Obras: Santa María das Flores (1944), O milagre da Rosa (1946), Pompas fúnebres (1947), Querelle de Brest (1947), Diário de um ladrão (1949).

No Teatro: As criadas (1947), Severa vigilância (1949), O balcão (1956), Os negros (1959), Os biombos (1961), "Ela (1989), "Splendid's (1993), "O anho" (1994).

Na Poesia: O condenado à morte (1942), "La Galère" (1944), "Um canto de Amor" (1946), "Le Pêcheur du Suquet" (1946).