Memórias: Alexandra Kollontai morreu há 63 anos

08 de março 2015 - 15:14

No dia 9 de março de 1952, faleceu, em Moscovo, Alexandra Kollontai: revolucionária, feminista e teórica do marxismo. Alexandra foi uma das mais destacadas dirigentes femininas da Revolução de Outubro de 1917. Por António José André.

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Alexandra Kollontai (1872-1952)

De família abastada e aristocrática, cujo pai, Mikhail Domontovich, era um general czarista de origem ucraniana e a mãe uma finlandesa de origem camponesa, Alexandra Domontovich nasceu, no dia 31 de março de 1872, na Finlândia.

Alexandra estudou em colégios da elite, tendo passado a infância entre Petrogrado e a Finlândia. Em 1888, a família limitou-lhe o acesso aos estudos. Assim, após concluir o bacharelato, foi autodidata: estudou francês e literatura russa.

Em 1893, apesar da oposição dos pais, casou-se com Vladimir Mikhaylovich Kollontai, jovem oficial do Exército advindo duma família pobre e cujos pais foram expulsos das propriedades no Cáucaso pelas autoridades czaristas.

Em 1895, Alexandra Kollontai sentiu-se atraída pelo marxismo, participando num círculo literário que promovia inúmeras discussões políticas e num trabalho educacional como voluntária entre pobres da periferia da capital russa.

Em 1898, acabou-se o seu casamento com Vladimir Mikhaylovich Kollontai. Nesse ano, aderiu ao Partido Social Democrata Operário Russo (PSDOR) e partiu para a Suíça, a fim de estudar marxismo.

Na Universidade, Alexandra conheceu a obra de Karl Kautski e de Rosa de Luxemburgo. A partir de 1899, trabalhou na agitprop do PSDOR, escrevendo artigos e fazendo palestras que expunham as ideias políticas do partido.

Em 1900, foi para a Inglaterra, interessada em estudar o movimento operário daquele país.  Após alguns meses, Alexandra regressou à Rússia, escrevendo inúmeros artigos e tornando-se uma destacada militante socialista.

Em 1905, Alexandra participou ativamente na Revolução, atuando no movimento de mulheres. Encontrou-se com Lenine, pela primeira vez, numa reunião clandestina, tornando-se amiga do dirigente bolchevique e de Nadezhda Krupskaia.

Nesse ano, encontrou-se com a dirigente Vera Zasulich, pedindo conselhos sobre como organizar o trabalho entre as operárias. Nesse inverno, deu palestras sobre o papel das mulheres na economia, a história das relações conjugais, etc.

Em 1907, durante o VII Congresso da II Internacional, Alexandra juntamente com Clara Zetkin, propôs a realização de campanhas a favor dos direitos das mulheres trabalhadoras e do estabelecimento do dia 8 de março, como dia internacional de luta das mulheres operárias.

Em 1908, organizou um clube de mulheres, sendo perseguida pela sua atividade política e despertando ódio por parte do aparelho repressivo devido à sua origem burguesa. Fugiu para o exterior onde ficou de dezembro de 1908 até março de 1917.

Durante esse período, Alexandra militou em defesa do socialismo e, particularmente, da luta das mulheres em vários países: Alemanha, Inglaterra, França, Suécia, Noruega, Dinamarca, Suíça, Bélgica e Estados Unidos.

Em 1917, Alexandra regressou à Rússia, após a revolução de fevereiro, participando ativamente na luta do Partido Bolchevique pela conquista do poder. Como delegada do Soviete de Petrogrado, editou o jornal "A Operária" e organizou o I Congresso das Mulheres Operárias da cidade.

Após a Revolução de Outubro, Alexandra foi Comissária do Povo (equivalente a ministro de Estado) do Bem Estar Social, participando ativamente da elaboração das novas leis do Estado soviético sobre os direitos da mulher, o casamento, a família, etc.

Nesse ano, casou-se com Pavel Dibenko, marinheiro e revolucionário de grande prestígio, que após a Revolução passou a exercer as funções no Comissariado do Povo para a Marinha. Esse segundo casamento durou cinco anos.

Em 1918, opondo-se ao Tratados de Paz com a Alemanha, Kollontai renunciou ao cargo no governo. Naquele ano, escreveu "O Comunismo e a Família" e organizou o I Congresso das Mulheres Operárias da Rússia, onde foi criado o Zhenutder (departamento de mulheres do Partido Comunista), presidido por Inesa.

Em 1920, depois de graves problemas de saúde de Inesa, Alexandra assumiu a direção do Zhenutder e do Secretariado Internacional das Mulheres da Internacional Comunista (III Internacional), organizando uma intensa campanha em defesa da mulheres.

Em 1922, Alexandra Kollontai integrou a Oposição Operária e foi destituída da direção do Departamento de Mulheres. Com a ascensão do estalinismo, depois da morte de Lenine, praticamente toda a velha guarda do Partido Bolchevique foi eliminada e grande parte das conquistas revolucionárias foram destruídas.
Alexandra Kollontai adaptou-se, dalgum modo, ao regime, tendo sido a primeira mulher do mundo a ocupar o cargo de embaixadora: na Suécia (de 1923 a 1925), no México (de 1926 a 1927), na Noruega (de 1926 a 1930) e. de novo,na Suécia (de 1930 a 1945).


Obra: além de numerosos artigos de temática política, económica e feminista, destacamos as seguintes obras:
A situação da classe operária na Finlândia (1903)
A luta de classes (1906)
Primeiro almanaque operário (1906)
Base social da questão feminina (1908)
A Finlândia e o socialismo (1907)
Sociedade e maternidade (?)
Quem precisa da guerra? (?)
A classe operária e a nova moral (?)
A nova mulher (1918)
A moral sexual (1921)
A oposição Operária (1921)


Veja também:
https://www.marxists.org/archive/kollonta/

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