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Marisa garante que não “daria posse a um Governo apoiado pelo Chega”

Em entrevista à agência Lusa, Marisa Matias reforçou que o seu adversário nestas eleições é Marcelo Rebelo de Sousa, mas assumiu que, tal como qualquer candidato democrático, não se pode “demitir do combate à extrema-direita”.
A candidata à Presidência da República Marisa Matias, durante uma entrevista à Lusa, em Lisboa, 12 de dezembro de 2020.
A candidata à Presidência da República Marisa Matias, durante uma entrevista à Lusa, em Lisboa, 12 de dezembro de 2020. Foto de Mário Cruz, Lusa.

“Eu não daria posse a um Governo apoiado pelo Chega”, garantiu. A candidata presencial demarcou-se assim da posição de Marcelo Rebelo de Sousa que, em entrevista à SIC na sexta-feira, referiu que em termos constitucionais não pode ser negado o apoio parlamentar de "um determinado partido" a uma solução de Governo, numa alusão ao partido de Ventura.

Marisa Matias frisou que o chefe de Estado tem como obrigação “defender e proteger a Constituição e a democracia, bem como os valores que lá estão representados”.

A candidata lembrou que o deputado e líder do Chega tem “um discurso absolutamente racista, xenófobo” e propõe “coisas inaceitáveis”, como restabelecer a prisão perpétua em Portugal, que “foi abolida em Portugal no século XIX”.

“Ele traz para o século XXI ideias do século XIX e eu acho que às vezes é mesmo a pedir para fazer esse combate, a pedir que alguém peça a ilegalização, a pedir que alguém o faça de vítima”, avançou.

Marisa Matias delimitou a diferença entre “a questão da ilegalização", debate que exclui, mas que “não pediria nem tomaria iniciativa", e a possibilidade de “dar posse a um Governo", que "é uma coisa completamente diferente”.

“Marcelo Rebelo de Sousa conhece tão bem como eu o que se passa, por exemplo, na Alemanha - até porque a chanceler alemã é da família política de Marcelo Rebelo de Sousa - e Angela Merkel é a líder europeia que mantém firme o cordão sanitário e eu, desse ponto de vista, confesso que estou ao lado de Angela Merkel”, afirmou.

Marisa Matias destacou que a CDU alemã e o Governo alemão mantiveram e determinaram a todos os níveis de governação “o cordão sanitário e não há participação do AFD mesmo quando seria importante e fundamental para ter maiorias”. Esta decisão está a traduzir-se “na perda de influência e na perda nas sondagens da extrema-direita alemã”.

Durante a entrevista, Marisa vincou que “precisamos também, todos e todas, de nos mobilizar enquanto cidadãos e cidadãs politicamente ativos e dar uma lição às forças não democráticas”.

“Falta uma voz de defesa clara e inequívoca do SNS”

Aquando das últimas eleições presidenciais, com Cavaco Silva como chefe de Estado, Marisa Matias defendia que "num Palácio de Belém que cheira a bafio” ia ser “preciso abrir as janelas para entrar ar fresco”.

Questionada sobre essa afirmação e sobre a sua pertinência nas atuais eleições, a candidata afirmou “que não podemos de maneira nenhuma comparar o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa com o de Cavaco Silva. Houve seguramente janelas que foram abertas. Agora também houve algumas que seletivamente ficaram fechadas".

Marisa Matias fez questão de marcar as suas diferenças face a Marcelo Rebelo de Sousa, quer no que respeita à visão sobre a saúde, às questões laborais e do sistema financeiro ou à posição relativamente à eutanásia.

Com a crise pandémica, torna-se ainda mais clara a “importância dos serviços públicos, em particular do Serviço Nacional de Saúde”. “Falta uma voz de defesa clara e inequívoca do SNS”, apontou.

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