O Bloco de Esquerda reuniu-se hoje com o Governo para discutir o Orçamento de Estado para 2025. A coordenadora nacional do partido criticou a posição do Executivo sobre as medidas dirigidas ao mercado de habitação e à justiça fiscal, que são para “os donos do país”.
Sobre a reunião, Mariana Mortágua informou ainda que Joaquim Miranda Sarmento, o ministro das Finanças, “deixou bem claro que a primeira prioridade do Governo é não desvirtuar o programa eleitoral”, salientando a coerência do seu partido que rejeitou o programa “desde o primeiro momento” e que apresentou uma moção de censura.
Falando aos jornalistas na residência oficial do Primeiro-Ministro, em São Bento, a deputada e dirigente do Bloco de Esquerda insistiu que as escolhas que o Executivo de Luís Montenegro tomou até agora são erradas e que revelam o “afunilamento ideológico” do Governo.
Para exemplificar essas escolhas, referiu-se à medida do IRS jovem que beneficia salários de 5.000€ ou à garantia pública aos jovens de até 15% do valor de aquisição de uma casa, com um limite de 450.000€, que “acabam por ignorar a realidade da maior parte dos jovens em Portugal, que não ganham sequer 1.000€”.
Por outro lado, a descida do IRC para “a banca, os seguros, a distribuição, as empresas de eletricidade” mostra também esse afunilamento, crítica a coordenadora nacional do Bloco, porque estas são “empresas que claramente não precisam nem há nenhuma razão para que beneficiem de um desconto fiscal” que vai custar, “no final de contas, 1.500 milhões de euros”.
Segundo, Mariana Mortágua, o Bloco de Esquerda aproveitou também a reunião para transmitir ao Governo a sua preocupação em áreas como a saúde. “Temos 100 dias em que a ministra da Saúde só mostrou autoritarismo e incompetência”, disse.
O Bloco de Esquerda já tinha anunciado a sua decisão de votar contra um Orçamento de Estado que mantenha a linha política do Governo, uma linha que, refere Mortágua, “confude a economica com os interesses económicos” e governa “para uma bolha”.